O conflito envolvendo judeus e palestinos é centenário e já resultou na morte de milhares de pessoas, isso apenas na história recente do Oriente Médio. O que fica cada vez mais evidente, no entanto, é que tal realidade existe não pela falta de propostas em função da paz, mas por causa de interesses sem fundamentos históricos.
O governo dos Estados Unidos, por exemplo, elaborou e propôs um acordo de paz entre os judeus e palestinos, apresentado na última terça-feira (25), o qual foi considerado pelo conselheiro da Casa Branca, Jared Kushner, o “acordo do século”.
Segundo a proposta, a ideia é criar um fundo de investimento global de US$ 50 bilhões para os palestinos e Estados árabes vizinhos ao longo de 10 anos. O objetivo com o investimento seria financiar o desenvolvimento econômico nessas regiões.
Com isso, os territórios palestinos, que compreendem a Cisjordânia – ocupada por Israel – e a Faixa de Gaza, ficariam com US$ 28 bilhões, além de US$ 7,5 bilhões para a Jordânia, US$ 9 bilhões para o Egito e US$ 6 bilhões para o Líbano.
“Mas devemos ser claros: o crescimento econômico e a prosperidade do povo palestino não são possíveis sem uma solução política duradoura e justa para o conflito — que garanta a segurança de Israel e respeite a dignidade do povo palestino”, destacou Kushner.
O conselheiro americano já na quarta-feira (26), no Bahrein, um pequeno país insular do Golfo Pérsico, onde esteve para a reunião de apresentação da proposta para a Autoridade Palestina, afastou a ideia de conflito entre os EUA e o povo árabe.
“Minha mensagem direta ao povo palestino é que, apesar do que aqueles que o abandonaram no passado disseram, o presidente Trump e os EUA não o abandonaram”, disse ele.
No entanto, o primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, considerou o “acordo do século” proposto pelos Estados Unidos um “absurdo”. Ele manteve o mesmo argumento historicamente já bastante conhecido, de que o problema econômico dos palestinos seria provocado, na verdade, pela “ocupação” de Israel em seus territórios.
Os líderes palestinos rejeitaram a proposta, porque não viram nela o reconhecimento da Palestina como um Estado soberano, mas apenas ajuda financeira.
“Qualquer plano que inclua a liquidação da causa palestina é rejeitado pelos palestinos e não é discutível ou negociável”, afirmou também Saeb Erekat, secretário-geral do comitê executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
A “causa palestina”, nesse caso, é o reconhecimento do território que seria dos palestinos como um Estado independente, o que é rejeitado por Israel, que se fundamenta na herança histórica dos judeus sobre as terras abraâmicas.
Para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, faltou aos líderes palestinos entender melhor a proposta dos Estados Unidos. “Eu não entendo como os palestinos rejeitaram o plano antes mesmo de saber o que ele contém”, disse ele, segundo informações da rede de TV Aljazeera.