Eles foram acusados de tentarem destruir a cultura islâmica da nação
CABUL – O Afeganistão ordenou, nesta quinta-feira, que 1.200 cristãos da Coréia do Sul, integrantes da organização não-governamental Instituto do Desenvolvimento e da Cultura Asiática, deixassem o país, sob acusação de tentarem destruir a cultura islâmica da nação. O grupo entrou no país alegando que iria trabalhar e participar de um festival cultural.
O porta-voz do Ministério do Interior, Yousef Stanezai, disse que os coreanos entraram no país com o visto de turistas, mas que suas atividades mostraram que o objetivo da viagem era outro.
“O programa era contra a cultura islâmica e os costumes do Afeganistão”, disse Stanezai, acrescentando que os coreanos devem deixar o país o mais rápido possível.
As acusações mostram o aumento da intolerância e da violência contra estrangeiros no Afeganistão. O governo acusa os viajantes vindos do exterior de estimular o consumo de álcool e a prostituição na capital. A administração afegã estuda ainda reinstituir o Ministério de Vícios e Virtudes, que impunha uma versão brutal da moralidade islâmica durante o regime do Taleban.
O porta-voz do grupo coreano, Sung Han Kang, disse que a organização tem sua base no cristianismo, mas acrescentou que o grupo não estava tentando converter afegãos. O mesmo disse o líder do grupo, Choi Han-woo, que negou que o grupo tenha participado de qualquer atividade religiosa.
Ainda segundo Kang, os membros do instituto entraram no país há cerca de um mês, para prover computadores e treinamento, assistência médica e dentária, além de desenvolver atividades esportivas, em cinco cidades diferentes. Além disso, o grupo pretendia realizar o Festival da Paz, de 5 a 7 de agosto, e que agora foi cancelado, no estádio de Cabul, para celebrar os cinqüenta anos do trabalho voluntário da ONG no Afeganistão.
Segundo o chefe dos funcionários do governo, Faiaz Mhrain, os coreanos passaram de casa em casa em grupos de duas ou três pessoas e “havia rumores de que queriam converter as pessoas ao cristianismo”.
Mhrain também declarou que fontes do Ministério do Interior disseram que o grupo foi deportado para sua própria segurança, e não por representar uma ameaça à segurança pública.
Fonte: Estadão