Matar um bebê no ventre materno, estando ele em seu estágio mais vulnerável enquanto desenvolvimento humano, é algo que pelo menos 50% dos médicos de um hospital localizado na Argentina se opõe a fazer. E para negar a prática do aborto eles estão alegando “objeção de consciência”.
Isso porque, apesar da morte intencional de bebês do útero materno ter sido aprovada até a 14ª semana de gestação, os profissionais de saúde, não apenas os médicos, podem se declarar incapazes de realizar o aborto por questões de consciência, ou seja, de valores e princípios pessoais.
“Entre os serviços de Ginecologia e Obstetrícia, que são os únicos envolvidos nestes casos, há 50% [de médicos] que se autodeclararam objetores de consciência”, disse o Dr. Juan Ciruzzi, diretor do Hospital Alberto Antranik Eurnekian.
O diretor explicou, contudo, que às mulheres que desejam a morte legalizada dos seus bebês podem ser encaminhadas para outros profissionais, sendo este o dever do hospital em caso de recusa inicial.
“Caso todos os profissionais sejam objetos da lei, o hospital tem o prazo de 10 dias para encaminhar o paciente a outro centro médico para receber atendimento adequado”, disse Juan, segundo informações do jornal Clarín.
A legalização do aborto até a 14ª semana foi aprovada na Argentina no último dia 30 de dezembro, apesar dos protestos de boa parte da população. Agora, antes do procedimento abortivo, às mulheres que desejam interromper a gravidez passam por uma triagem que envolve aconselhamento e informação sobre os riscos da operação.
“É feito um estudo laboratorial para comprovar a gravidez e a partir daí é feito o que se chama de aconselhamento . A paciente é informada das possíveis complicações e é garantida a privacidade. Faz-se a contenção, respeitando a autonomia de sua decisão, e a partir daí, se ele concordar com a interrupção, o paciente é agendado para um período de dez dias”, explicou Dr. Ciruzzi.
No caso dos médicos, a objeção de consciência é uma medida presente na maioria dos países, visto que está amparada pela maioria dos Conselhos de Medicina. Um vez que os profissionais fazem juramento pela manutenção da vida, muitos se sentem incapazes de realizar o aborto, já que o procedimento tem por objetivo impedir a gestação de outro ser humano.
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