Victor Glover se tornou o primeiro astronauta negro a cumprir uma missão de longo prazo na Estação Espacial Internacional, mas também foi o primeiro a celebrar a ceia à bordo dela, repetindo um feito semelhante ocorrido há 51 anos na Lua, quando Buzz Aldrin desceu no satélite natural.
O astronauta – que fez carreira como piloto da Marinha dos Estados Unidos, servindo a bordo de um porta-aviões – foi levado à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) pela aeronave Dragon, desenvolvida pela SpaceX, empresa privada que tem feito parcerias com a NASA.
A bordo da Dragon, Victor Glover levou uma Bíblia e taças de comunhão para realizar a primeira ceia na ISS. Em seu tempo no espaço, quer usar a conexão de internet para assistir pregações, durante os momentos de folga, conforme informações da emissora CBS News. Sua estada por lá deve se estender até a primavera do hemisfério norte.
“Antes de ir e até mesmo entrar em um avião para embarcar em um vôo, faço uma oração e sempre penso em minha família”, disse Glover durante sua entrevista sobre a missão, na semana passada. Ele e a esposa, Dionna, são casados há 18 anos e têm quatro filhos.
“À medida que nossa família crescia, foi quando comecei a desenvolver uma valorização real e verdadeira de minha própria fé e não apenas a acadêmica”, comentou o astronauta, explicando sua decisão de repetir o gesto de Buzz Aldrin em relação à ceia realizada na Lua em 1969.
A viagem
A Dragon é a primeira nave projetada para voar até a ISS de maneira automática, controlada por um computador responsável por todo o voo. “Não tenho receio de usar um computador de voo”, afirmou Glover, acrescentando que os equipamentos são “realmente confiáveis”.
“Como uma pessoa do tipo manche e leme, um piloto, chegando a esse ponto, tive algumas dúvidas iniciais sobre uma tela touchscreen e automação, mas realmente gostei de usá-la para esta missão”, acrescentou o astronauta.
Usando um moletom em homenagem a Martin Luther King Jr. e outros norte-americanos influentes, em sua maioria cristãos, Glover afirmou que seu gesto poderia ser descrito como um ato de gratidão: “Deus realmente não precisa se preocupar com meu patriotismo, mas eu sou um americano e fomos abençoados por ter nascido na América. Todos nós devemos entender […] o legado do qual todos fazemos parte. Acho que temos trabalho a fazer em termos de garantir que uma história completa e completa seja contada”.
Do ponto de vista da NASA, Glover ajuda a formar um time que vai completar a equipe da ISS. Os custos para enviar a tripulação tendem a ser bem menores nas viagens com a Dragon. Como os Estados Unidos não têm usado mais os ônibus espaciais devido a uma série de fatores, o transporte vinha sendo realizado pela agência espacial russa, que cobra aproximadamente US$ 90 milhões por astronauta a cada lançamento das cápsulas Soyuz.
Go Falcon9, Go Crew Dragon, Go Resilience!!! Big thank you to the teams at @NASA and @SpaceX for keeping us safe on the ride up. Next stop, @Space_Station. pic.twitter.com/dNu1RcwLMY
— Victor Glover (@AstroVicGlover) November 16, 2020