As acusações de Patrícia Lélis ao pastor Marco Feliciano (PSC-SP) foram registradas em um Boletim de Ocorrência (B.O.) que revela detalhes das alegações dela sobre ameaça de morte de parte da cúpula do PSC.
No depoimento, Patrícia disse à Polícia que o presidente do partido, pastor Everaldo Pereira, a procurou oferecendo “uma quantia em dinheiro que estava no interior de uma sacola dizendo que a vítima poderia apropriar daquela quantia”.
Talma Bauer, chefe de gabinete de Feliciano, teria indagado a estudante sobre “quanto ela queria ganhar para esquecer todo o ocorrido, asseverando ainda que, caso ainda não quedasse silente, poderia ‘sair perdendo’”.
No B.O., Patrícia menciona uma mulher referida como “Denise do PSC”, dizendo que a procurou duas vezes, a primeira logo após supostamente ter sido agredida e estuprada por Feliciano, e a segunda alguns dias depois da conversa com Bauer em um café de Brasília (DF).
De acordo com informações do site Jornalistas Livres, essa Denise seria a presidente nacional do PSC Mulher, Denise Assumpção, que é apontada no B.O. como responsável pelo agendamento da reunião entre Patrícia Lélis e os figurões do PSC.
Além de Denise, Everaldo e Gilberto Nascimento, teriam comparecido à reunião outros dois deputados federais do PSC, dos quais Patrícia Lélis afirma não se lembrar dos nomes.
No final do encontro, Everaldo Pereira teria segurado o braço da estudante e dito ao pé do ouvido que “achava melhor que ela ficasse quieta”. O desligamento de Patrícia Lélis do PSC também teria sido feito logo após a reunião.
No B.O., Patrícia disse ter ido a São Paulo logo após as acusações contra Feliciano vazarem no Facebook. A esta altura, Bauer teria ameaçado de morte a família da estudante se ela não dissesse seu paradeiro.
No relato de Patrícia Lélis, a filha de Bauer, Cíntia, foi até o hotel onde ela estava hospedada e a obrigado a gravar um vídeo afirmando que as afirmações feitas por Hugo Studart sobre o caso eram mentirosas.
Bauer teria exigido as senhas do Instagram e Facebook de Patrícia, além de uma publicação de uma foto dela ao lado de seu namorado, afirmando que estava tudo bem. Após isso, o chefe de gabinete do pastor Marco Feliciano teria ido ao hotel, armado, exigindo a gravação de um novo vídeo, feito por ela mesma, em seu próprio celular, em uma praça.
“No hotel, manteve a vítima ao seu lado mediante grave ameaça”, diz trecho do B. O. Patrícia diz ter sido obrigada a responder aos comentários de seus contatos nas redes sociais afirmando que estava bem. Posteriormente, à noite, Bauer teria forçado a estudante a responder às dúvidas de seus contatos no WhatsApp sobre sua segurança.
Patrícia afirmou ainda que no dia seguinte, Bauer voltou ao hotel, questionando se ela continuava em silêncio, pois essa seria a forma de garantir a segurança de sua família. Elogiando a postura dela, Bauer teria almoçado com ela e pedido que publicasse fotos no Instagram e Facebook reiterando que estava bem.
“A vítima informa que durante todo o tempo, Bauer a ameaçava de morte e ainda dizia que a vítima deveria colocar seu preço para esquecer todo o ocorrido”, diz trecho do B.O. Confira: