O voto de cabresto, linguagem usada para descrever setores da sociedade que vivem sob influência maciça de uma liderança e a seguem de forma inquestionável nas questões políticas, teria ganho uma ilustração sob medida.
Um sujeito que se identifica como bispo Victor, líder da Igreja Apostólica Atos do Espírito Santo, estaria procurando candidatos para ofertar votos em troca de dinheiro.
Na oferta, Victor inclui um pacote de visitas a dezoito filiais da denominação, onde o “cliente” é apresentado aos membros como o candidato oficial, além da distribuição de santinhos nos templos.
O custo para os candidatos interessados em “comprar” o voto dos fiéis é R$ 6.500, de acordo com informações do jornalista Lauro Jardim, da revista Veja. No entanto, o bispo “negocia com o currículo e a influência sobre 7 000 eleitores”, supostamente.
Para tornar a “oferta” ainda mais atrativa, o bispo Victor asseguraria aos políticos interessados que já teria ajudado a eleger um vereador, além de dois deputados nas eleições de 2010.
Voto evangélico
No último final de semana, a revista Época publicou uma reportagem sobre “o poder do voto evangélico”, destacando a influência e capacidade de decisão de eleições que esse setor da sociedade possui na política nacional.
Os evangélicos brasileiros formam um grupo heterogêneo, com diferentes orientações políticas, doutrinas e abordagens teológicas – fora as centenas de denominações independentes – e as pesquisas de intenção de voto mostram que a maioria (43%) está disposta a votar em Marina Silva (PSB), mas 32% ainda declara apoio a Dilma Rousseff (PT), que é apontada pela maioria absoluta dos líderes religiosos como alguém que não merece ser reeleita.
Num vídeo publicado recentemente, o pastor Silas Malafaia comentou sobre o preconceito que existe na sociedade contra os evangélicos, e disse aos fiéis que o voto é “inegociável”, e não se deve jamais abrir mão dele.