A decisão de por fim à parceria que mantinha a TV Escola funcionando foi defendida pelo presidente Jair Bolsonaro na última segunda-feira, 16 de dezembro. Na ocasião, ele também manifestou seu repúdio às ideias implantadas pelo pedagogo Paulo Freire no sistema educacional brasileiro.
Na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro parou para dialogar com apoiadores e também concedeu entrevista à imprensa, e afirmou que decidiu não renovar o contrato com a associação responsável por gerir a TV Escola, parceria que era mantida pelo MEC desde 1995.
Na visão do presidente, o dinheiro investido na emissora tinha como resultado prático a doutrinação na visão ideológica de esquerda: “Você conhece a programação da TV Escola? Deseduca […] Queriam que assinasse agora um contrato, o Abraham Weintraub [ministro da Educação], de R$ 350 milhões. Quem assiste a TV Escola? Ninguém assiste. Dinheiro jogado fora”, afirmou Bolsonaro.
O presidente acrescentou que a TV Escola promovia a “ideologia de gênero” e em nada contribuía para o crescimento dos alunos brasileiros, que constantemente são mal avaliados nas provas de desempenho, sejam nacionais, ou internacionais, como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês).
“Era uma programação totalmente de esquerda, ideologia de gênero, dinheiro público para ideologia de gênero. Então, tem que mudar. Reflexo, [dessas medidas] daqui a 5, 10, 15 anos vai ter reflexo. Os caras estão há 30 anos [no MEC], tem muito formado aqui em cima dessa filosofia do Paulo Freire da vida, esse energúmeno, ídolo da esquerda”, afirmou, mais uma vez defendendo a decisão.
“Olha a prova do PISA. Estamos em último lugar no mundo, se eu não me engano, matemática, ciências e português. Acho que em um ou dois itens somos os últimos da América do Sul. Vamos esperar o que desse Brasil com esse tipo de educação?”, questionou.
“Energúmeno”
O comentarista político Rodrigo Constantino, da rádio Jovem Pan, comentou a declaração do presidente da República na edição desta terça-feira, 17 de dezembro, do Jornal da Manhã: “O presidente está certo, ainda que com um tom de pilhéria. É óbvio que há um reducionismo em culpar uma pessoa por todo o estrago na Educação ao longo de décadas, é uma obra sem improviso, é uma obra deliberada que tem muitos, muitos cúmplices. Mas, se tiver que escolher realmente um, que seja o patrono”.
“Paulo Freire – energúmeno, a raiz etimológica vem de demônio – não era um idiota, sem dúvida, mas ele era um comunista bajulador de tiranos que importou o marxismo e a luta de classes para dentro da sala de aula. Ele foi responsável, sim, por um grande estrago na qualidade do nosso ensino, e o presidente está certo em fechar a torneira também para programas que ninguém assiste ou que espalham coisas bizarras como a ideologia de gênero”, acrescentou Constantino.