Um político cristão da Indonésia foi preso após uma acusação forjada de blasfêmia contra o islamismo, mas poderá ser libertado da cadeia em breve.
Basuki Tjahaja Purnama, conhecido pelo apelido de Ahok, foi governador de Jacarta, capital do país. Em maio do ano passado ele foi sentenciado a dois anos de prisão por conta de uma acusação de blasfêmia, que posteriormente foi desmentida pelo acusador.
A suposta blasfêmia foi forjada através da edição de um vídeo de um discurso de Ahok, que foi divulgada nas redes sociais e se espalhou rapidamente. De acordo com a Missão Portas Abertas, a versão fake news do vídeo mobilizou protestos contra o ex-governador, com centenas de milhares de manifestantes.
A farsa foi descoberta, o acusador admitiu a manipulação do vídeo e a defesa do ex-governador enfatizou em sua inocência, porém as lideranças muçulmanas se recusaram a por um fim nos protestos, o que levou a uma decisão política que manteve o processo em curso.
Condenado a dois anos de prisão, Ahok agora pode estar próximo de ser libertado, de acordo com a legislação de progressão de pena na Indonésia. A irmã do ex-governador, Fifi Lety Indra, fez uma publicação revelando que Ahok recusou a possibilidade de liberdade condicional no próximo mês de agosto, por achar melhor aguardar a chance de estar completamente livre.
Segundo Indra, o ex-governador poderá ser solto antecipadamente após o cumprimento de dois terços da pena. Atualmente, se quisesse, ele já poderia ter solicitado a progressão de pena para o regime semi-aberto, com quatro horas de liberdade diariamente.
Política
Com o passar do tempo, os detalhes da acusação contra Ahok foram se tornando claros, e a motivação da falsa acusação foi evidenciada: impedir sua reeleição.
Ao longo do julgamento, o ex-governador sustentou que estava sendo perseguido politicamente e que havia sofrido ataques racistas, uma vez que tem ascendência chinesa. Antes, em 2005, Ahok já havia sofrido com manifestações de intolerância religiosa pelo fato de professar a fé em Jesus Cristo.
Apesar da confissão do acusador sobre a manipulação do vídeo, a Suprema Corte da Indonésia rejeitou o pedido de Ahok quando ele entrou com um recurso, em fevereiro deste ano.
Recentemente, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução que desencoraja penas mais severas para casos de “blasfêmia”, o que pode significar um recuo na intensidade da perseguição religiosa.
O objetivo da resolução é “assegurar que a pena de morte não seja imposta como uma sanção por formas específicas de conduta, como apostasia, blasfêmia, adultério e relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo com mútuo consentimento”, diz um trecho do documento, segundo informações da Missão Portas Abertas.
Na prática, muçulmanos convertidos ao cristianismo não poderão mais sofrer punições por “apostasia”, assim como os cristãos que pregam a fé em Jesus Cristo como único e suficiente Salvador, nesses países, não serão punidos por “blasfêmia”