Obter informações confiáveis não tem sido uma tarefa tão simples. Se por um lado a facilidade de acesso à informação explodiu com o advento da internet e mídias sociais, por outro o surgimento de notícias falsas ou manipuladas se tornou um grande problema, e isso não excluir a responsabilidade dos cristãos diante deste cenário.
Em um artigo publicado no Religion News, o escritor Daniel Darling, vice-presidente de comunicações da Comissão de Ética e Liberdade Religiosa e autor do livro “A Revolução da Dignidade”, refletiu sobre a necessidade dos cristãos apoiarem uma “imprensa livre”, mesmo que isso signifique apontar os erros da própria comunidade religiosa.
“A narração de histórias não começou quando as primeiras páginas manchadas de tinta rolaram de uma prensa de impressão, mas quando o próprio Deus inspirou 40 autores diferentes para contar sua história. A Bíblia conta a narrativa corajosa e bela da criação da humanidade, queda e gloriosa redenção de Deus em Cristo”, diz o autor.
“Os cristãos fiéis nunca darão às manchetes de hoje o mesmo peso que as nossas Bíblias, mas devemos apreciar a maneira como uma imprensa livre contribui para uma sociedade civil saudável”, destaca Daniel, citando a passagem de Filipenses 4:8 para fundamentar o seu raciocínio, que diz:
“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.”.
Confiança deteriorada
Daniel Darling explicou que atualmente o nível de confiança na imprensa está deteriorado, apontando os interesses pessoais e de classe como responsáveis por este cenário.
Segundo o autor, pessoas não querem se informar acerca de coisas que contrariam suas perspectivas, especialmente quando se tratam de críticas direcionadas. Assim, empresas de mídia produzem conteúdos enviesados, buscando agradar uma parcela específica de leitores, em vez de informar a natureza dos fatos de modo imparcial.
“O ambiente fragmentado da mídia nos permite escolher nossas informações com base em nossos preconceitos pessoais e excluir notícias que atentam contra nossos instintos tribais”, diz o autor. “E muitos na mídia contribuíram para a falta de fé nas instituições que representam, aparentemente torcendo por determinados resultados ou subnotificando histórias que podem contradizer uma visão de mundo pessoal”.
Para Daniel, os cristãos devem ter o compromisso de apoiar a imprensa livre porque isso reflete a própria natureza do Evangelho. O dever de valorizar informações corretas e “robustas”, segundo o autor, aponta para o caráter cristão.
“Os cristãos não devem apenas ver o valor de uma imprensa livre, mas devem apoiar reportagens robustas, até jornalismo que revele os delitos e pecados em nossas próprias comunidades. Transparência não prejudica o avanço do evangelho. Afinal, a morte e ressurreição de Cristo revelam a realidade sombria de todo coração humano”, conclui.