A influência dos líderes religiosos sobre os fiéis na hora de escolher em quem votar não é significativa ou decisiva como os analistas políticos e jornalistas da grande mídia costumam ilustrar. A pesquisa que o Datafolha divulgou na última segunda-feira, 23 de outubro, comprova que 8 em cada 10 brasileiros não votam segundo orientação dos sacerdotes.
De acordo com o levantamento, apenas 19% dos entrevistados disseram seguir a sugestão de voto de seus líderes religiosos, com a ressalva de que 4% só acatam a opinião se o candidato em questão for ligado à sua igreja.
O Datafolha fez um recorte nos dados da pesquisa para explicar que entre os evangélicos, a porcentagem de eleitores que segue orientação dos pastores em relação ao voto é maior: salta de 19% no geral, para 26%. Se forem considerados apenas os neopentecostais, esse número chega a 31%.
O instituto de pesquisa afirmou ainda que 9% dos entrevistados disseram já ter votado em algum candidato indicado por seu líder religioso, 1% a mais do que foi registrado em um levantamento similar feito há quatro anos.
Gerson Moraes, professor de teologia e política da Universidade Presbiteriana Mackenzie, afirmou que é errado tratar evangélicos como um grupo homogêneo: “Por exemplo, grupos históricos, em geral mais escolarizados, têm a visão de que a igreja pode ser a consciência do Estado, mas jamais dominar o Estado”, pontuou, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.
De acordo com o relatório do instituto Datafolha, esse levantamento mostra que a suscetibilidade da influência religiosa na hora do voto tem características diversas em cada grupo da tradição evangélica, com os neopentecostais sendo os mais dispostos a ouvir a opinião de seu líder na hora de definir o voto.