As opiniões da jornalista Rachel Scheherazade, evangélica e comentarista do Jornal do SBT, levaram a TV de Silvio Santos à mira do governo federal, que estuda suspender a verba publicitária repassada à emissora.
A informação, divulgada pelo Congresso em Foco, revela que a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) pediu ao ministro Thomas Traumann, da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, que estude a possibilidade de cortar o repasse ao SBT como represália à postura da jornalista.
Rachel Scheherazade é conhecida por suas opiniões contundentes, como no caso em que defendeu a liberdade de expressão ao pastor Marco Feliciano (PSC-SP), quando ele era alvo de protestos constantes de ativistas gays. Recentemente, a jornalista tornou-se alvo de críticas de parte da sociedade por dizer que era compreensível que cidadãos se tornassem justiceiros pois a incapacidade do Estado em garantir segurança à população levava os cidadãos ao desespero.
“Em meu espaço de opinião no jornal SBT Brasil, afirmei compreender (e não aceitar, que fique bem claro!) a atitude desesperada dos justiceiros do Rio”, defendeu-se Rachel Scheherazade à época, num artigo publicado na Folha de S. Paulo.
Jandira Feghali acusa o SBT de ter feito apologia e incitação ao crime por deixar a opinião de Scheherazade ir ao ar, e afirma que continuará insistindo em punição à emissora: “A Secom me deu um primeiro retorno dizendo que concorda com o conteúdo do nosso pedido e que estuda quais providências tomar”, afirmou a deputada.
O SBT recebeu, somente em 2012, R$ 153 milhões em verbas publicitárias do governo. Na prática, a medida resultaria na interrupção da veiculação de propagandas do governo na emissora. Como o governo pode subsidiar um canal que tem uma editorialista que incita à violência e à justiça com as próprias mãos?”, questiona Jandira Feghali.
No entanto, o apetite da deputada é maior, e ela estuda pedir a cassação da concessão pública dada ao SBT, o que resultaria na retirada da emissora do ar. Segundo Jandira Feghali, tal pedido só será feito depois que a ação sobre apologia e incitação ao crime for julgada, e a parlamentar não teme que o caso seja taxado como censura: “Não podemos ser coniventes com nenhum crime. O único poder capaz de julgar a proporcionalidade da punição é a Justiça, que dá direito de defesa. Temos de defender o estado democrático de direito”.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+