Uma funcionária cristã de uma escola particular foi demitida sob o argumento de má conduta grave.
Ela atuava como assistente da instituição e usou as redes sociais para fazer duas publicações que manifestavam preocupação sobre uma matéria chamada Relacionamentos e Educação Sexual (RSE), que vinha sendo aplicada em outra escola da região, onde seu filho estuda.
A escola em questão é ligada à Igreja da Inglaterra, denominação de origem anglicana. Kristie Higgs, que tem dois filhos, trabalhava na escola de Gloucestershire há seis anos como assistente pastoral, e foi informada após uma investigação e uma audiência de seis horas que ela seria demitida sem aviso prévio.
O motivo era sua postura diante da RSE, um currículo do governo sobre educação sexual. A Escola Primária da Igreja da Inglaterra, onde o filho de Kristie estava matriculado, enviou uma carta informando aos pais que estava adotando o programa “Proibido Forasteiros”, que contesta a compreensão cristã da família e promove abertamente estilos de vida LGBT para crianças de apenas quatro anos.
Depois de participar de uma reunião na escola para saber mais sobre o programa, Kristie decidiu expressar suas preocupações no Facebook.
Ela compartilhou dois posts, e um deles dizia: “Por favor, leia isso, eles estão fazendo lavagem cerebral em nossos filhos! Por favor, assine esta petição, eles já começaram a fazer lavagem cerebral em nossas inocentes crianças maravilhosamente criadas e isso está acontecendo em nossa escola primária local agora”.
De acordo com informações do portal Christian Concern, Kristie pediu a seus amigos que assinassem uma petição nacional se opondo às propostas do governo de tornar a matéria RSE obrigatória para crianças a partir dos quatro anos. Essa petição chamou atenção e motivou um debate no Parlamento sobre o tema.
Em sua segunda postagem, Kristie compartilhou novamente um artigo sobre a ascensão da ideologia de gênero nos livros infantis nas escolas norte-americanas, acrescentando que: “Isso está acontecendo em nossas escolas primárias agora”.
Ambas as postagens eram visíveis apenas para seus amigos. No entanto, alguém da rede de amigos de Kristie denunciou a iniciativa à escola onde ela trabalhava – Farmor’s School em Fairford, Gloucestershire, e após uma investigação, Kristie foi demitida por falta grave.
As razões apresentadas pela escola para sua demissão foram “discriminação ilegal”, “uso sério e impróprio das redes sociais” e “comentários online que podem desacreditar a escola e prejudicar a reputação da escola”.
No entanto, as conclusões da escola eram infundadas e o Christian Legal Center adotou a causa de Kristie em um processo na Justiça por demissão injusta e discriminação. Na conclusão da audiência de Kristie, ela foi informada por escrito que: “Quanto a desacreditar a escola […] concordamos que não há nenhuma evidência direta de que a reputação da escola tenha sido prejudicada até o momento”.
Quando Kristie perguntou quem ela havia discriminado, a escola tergiversou: “Você não discriminou diretamente uma pessoa, mas sim, é sobre as palavras que você usou que poderiam ser percebidas como discriminação”.
‘Tem tudo a ver com a minha religião’
Kristie se sentiu perseguida: “Fui punida por compartilhar preocupações sobre relacionamentos e educação sexual. Eu defendo essas opiniões por causa de minhas crenças cristãs, crenças e opiniões que são compartilhadas por centenas de milhares de pais em todo o Reino Unido. Minha preocupação número um sempre foi o efeito que aprender sobre sexo e gênero na escola terá nas crianças em uma idade tão jovem”.
“Assim que a investigação sobre as postagens começou, disseram-me repetidamente: ‘isso não tem nada a ver com sua religião’. Essa foi claramente uma tática legal e, claro, tem tudo a ver com minha religião. Estou determinada a lutar contra este caso e a defender os cristãos e todos os pais em todo o país que estão sendo silenciados por compartilhar e defender esses pontos de vista”, enfatizou Kristie.
“Isso é tudo sobre a liberdade de um cristão de ter pontos de vista bíblicos sobre a sexualidade”, acrescentou.
A jurista Andrea Williams, executiva-chefe do Christian Legal Center, declarou que o direito de se posicionar com base na própria crença está ameaçada para os cristãos.
“Este caso é sobre a liberdade de manter pontos de vista cristãos sobre o que significa ser humano. Muitos cristãos já enfrentaram pressão para expressar essas opiniões no local de trabalho antes, mas, neste caso, Kristie foi demitida por compartilhar suas opiniões entre amigos no Facebook”, pontuou.
“O que Kristie compartilhou no Facebook simplesmente reflete as preocupações genuínas e justificadas de um pai sobre a ideologia sexual que está sendo imposta a seus próprios filhos e a milhares de crianças em todo o Reino Unido. Kristie não só perdeu o emprego, mas toda a sua carreira está manchada com a acusação de que, por ter essas opiniões, ela agora é um perigo para crianças vulneráveis. Isso apesar de um histórico exemplar na escola e em seu trabalho com os jovens na comunidade em geral. Se Kristie não ganhar este caso, devido a uma reclamação, ela nunca mais poderá trabalhar com crianças”, contextualizou Williams, dando a real dimensão do problema.