A República Islâmica do Irã passa por grandes protestos desde novembro passado. Eles são resultados de uma onda de insatisfação contra o governo que ganhou forma em 2018, após uma série de sanções do governo dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o país que tem o Alcorão e a figura de Maomé como alvos de veneração.
Os protestos se intensificaram no país após o anúncio do aumento dos combustíveis em 50%. Milhares de pessoas foram às ruas reclamar das medidas, o que fez a República Islâmica cortar o sinal de internet no país, visando impedir a comunicação e consequente maior articulação entre os manifestantes.
Segundo informações da Anistia Internacional, entidade da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 200 pessoas já foram mortas no país em decorrência da repressão do governo aos manifestantes.
“Vimos mais de 200 pessoas mortas em um período muito rápido, em menos de uma semana”, disse Mansoureh Mills, pesquisador iraniano da Anistia. “É um evento sem precedentes na história das violações dos direitos humanos na República Islâmica”.
Especialista no Alcorão
Acredita-se que parte da violência extrema contra os manifestantes no Irã se deve ao incentivo de líderes muçulmanos locais, como o especialista em Alcorão Abolfazl Bahrampur.
Ele concedeu uma entrevista para uma emissora local justificando a morte dos manifestantes à luz do livro sagrado de Maomé.
“Aqueles que fazem guerra contra Alá e Seu Mensageiro [Maomé]… devem morrer em agonia, não apenas serem mortos. É o que o versículo diz”, diz o especialista em Alcorão, após ser questionado pelo apresentador como o governo deve lidar com os manifestantes.
Bahrampur disse que poderia explicar versículo por versículo o que diz o texto, sugerindo também que os considerados inimigos de Maomé podem ser “crucificados, o que significa que eles devem ser pendurados; ou suas mãos e pés, em lados alternados, devem ser cortados”, disse ele, segundo o MEMRI.