“Eu era uma drogada”. Assim Nadia Bolz Weber resume sua condição de vida antes de se encontrar e achar respostas para suas inquietações no Evangelho. Considerada uma pastora alternativa, Nadia tornou-se um símbolo da controvérsia, mas vê seu ministério crescer à frente de uma congregação da Igreja Luterana em Denver, Colorado (EUA).
De acordo com a rede BBC, Nadia é uma pastora desbocada que “não pode ser descrita como piedosa”. Durante seus sermões, é franca sobre seu passado promíscuo e admite que tem falhas de caráter. Conta também histórias que são engraçadas, cheias de palavras politicamente incorretas e até autodepreciativas.
“Tive uma educação religiosa muito severa. Fundamentalista, legalista, sectária”, diz a pastora, que foi criada pela família na Igreja de Cristo.
Na adolescência, quando se afastou da comunidade de fé, encontrou seu apetite para as circunstâncias de risco: “Fui apenas uma garota que não se adaptava. Estava com muita raiva. Essa raiva me protegia, me salvava de uma maneira – até que eu adicionei drogas e álcool a esta mistura que quase me matou!”, admite.
Segundo Nadia, em certo ponto de sua vida ela “estava perfeitamente feliz com a ideia de que estaria morta aos 30 anos” por tanto abusar de drogas e álcool. Mas, o suicídio de seu melhor amigo, PJ, a levou a refletir sobre suas escolhas.
Durante o funeral, Nadia – que era conhecida como a única entre “acadêmicos, estranhos e alcoólatras em recuperação” que acreditava em Deus – foi convidada a discursar: “Olhei para fora e pensei: ‘Estas são minhas pessoas e elas não têm um pastor – e talvez eu realmente tenha sido chamada para ser uma pastora para o meu povo'”, disse.
Desse ponto em diante, Nadia resolveu frequentar um seminário luterano, e depois de pronta, resolveu que fundaria a igreja chamada de Casa para Todos os Pecadores e Santos, com o propósito de levar o Evangelho a outros excluídos: “Tive que começar uma igreja a qual gostaria de frequentar, basicamente porque eu raramente tinha ido a alguma que eu gostava”.
Quando estava para se formar, ela procurou o bispo para dizer que, se ela fosse designada para dirigir uma congregação comum, isso traria problemas: “Na verdade, disse ao meu bispo em algum momento durante o processo, ‘Olha, você poder me colocar numa paróquia nos arredores de uma pequena cidade, mas você e eu sabemos que seria ruim para todos os envolvidos… Então por que não começar uma?’ Ele disse: ‘Sim, essa parece uma ideia melhor’”.
Hoje, um terço de sua congregação é gay, lésbica ou transgênera. E ela comemora isso, dizendo que o propósito está sendo cumprido. Nadia, que pessoalmente se diz sem paciência para os debates sobre a homossexualidade, celebra casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
Ela se tornou conhecida por sua autobiografia. No livro “Pastrix: The Cranky Beautiful Faith of a Sinner and Saint” (“Pastrix: a crença bela e doentia de uma pecadora e uma santa”, em tradução literal), repleto de palavrões e que se tornou um best-seller, ela conta muito de sua vida, e por isso, virou uma palestrante procurada nos EUA – e fora do país – para contar seu testemunho em igrejas evangélicas tradicionais, entre outras. “Isso não é divertido? Que eles podem nunca ter convidado uma mulher pregadora e, em seguida, convidam uma que sou eu?! É como se eles tivessem ido de zero para 60”, comemora.