A característica inconfundível de todo regime político-ideológico autoritário são os métodos violentos de repressão, aparelhamento do Estado e, consequentemente, a manipulação do sistema judiciário. Não está sendo diferente na Nicarágua, país governado pelo ex-guerrilheiro Daniel Ortega, acusado de promover uma onda de assassinatos em nome da sua permanência no poder.
O caso mais recente que chocou o país e está chamando atenção de autoridades internacionais foi o assassinato de uma família, queimada viva dentro da própria casa por “policiais e paramilitares” sob o comando do regime de Daniel Ortega.
Segundo o jornal El Pais, os militares de Ortega queriam entrar no imóvel que fica em um prédio de três andares, para montar pontos de artilharia contra manifestantes que protestavam contra o regime, mas a família não quis abrir e, por conta disso, tiveram a propriedade incendiada no bairro de Carlos Marx, em Manágua.
As vítimas foram identificadas como Óscar Velásquez Pavón, Maritza López, Alfredo Velásquez, Mercedes Raudez, Matías Velásquez e as crianças Matías Velásquez Muñoz, de apenas oito meses e Daryelis Velásquez, de dois anos.
“Esse crime revela uma escalada da brutal repressão por parte do regime de Daniel Ortega e Rosário Murillo [esposa de Ortega e vice-presidente da Nicarágua], com um trágico saldo de 178 pessoas mortas até o momento.”, declarou o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (CENIDH).
Cinthya López estava no prédio no momento do ataque, mas conseguiu escapar pulando da sacada. Ela publicou um vídeo em sua página no Facebook acusando o Governo: “Toda a minha família está morta”, disse ela. “Amaldiçoo Daniel Ortega e toda a sua família”.
O autoritário Daniel Ortega
Daniel Ortega assumiu o poder pela primeira fez em 1984, em meio à guerra civil entre os apoiadores do partido socialista “Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN)” e os contrários ao regime de esquerda, apoiados pelos Estados Unidos.
A forte crise econômica obrigou o Governo a fazer um acordo de paz e realizar novas eleições em 1990. Apenas em 2006 Ortega retornou ao poder, permanecendo até hoje. Isso foi possível porque ele alterou a lei constitucional do país que limitava o número de candidaturas consecutivas.
A oposição afirma que Ortega pretende se perpetuar no poder, inclusive, com a nomeação dos seus parentes ao Governo.
A suspeita de fraude nas eleições é um dos motivos pelo qual o país está mergulhado em manifestações pedindo a deposição do Presidente, acusado de impedir a presença de observadores internacionais nas últimas eleições, segundo informações do jornal El Pais.