A iniciativa de propor um boicote à empresa de cosméticos O Boticário, por causa de um comercial que mostrava casais heterossexuais e homossexuais trocando presentes do Dia dos Namorados “foi um tiro no pé” que o pastor Silas Malafaia deu. Essa é a opinião de outro pastor, Marco Feliciano (PSC-SP).
Feliciano argumentou que “a propaganda não mostra nada demais”, pois não há demonstrações de afeto com teor sexual. O pastor disse ainda que a proposta de boicote “foi uma ação isolada de Malafaia”.
“Eu respeito, mas a bancada não se envolveu nisso”, disse Feliciano à jornalista Anna Virginia Balloussier, do jornal Folha de S. Paulo.
O pastor, no entanto, omitiu de sua avaliação que ele mesmo já havia proposto, meses antes, um boicote aos produtos da Natura, empresa que faz merchandising na novela Babilônia, da TV Globo, que mostrou um beijo gay logo em seu primeiro episódio.
A avaliação da bancada evangélica, segundo Feliciano, é de que o comercial mostrou “pessoas normais que existem”, e por isso, o pedido feito por Malafaia aos evangélicos, que deixem de comprar produtos da marca, teria servido apenas para dar “munição pro pessoal” do ativismo gay.
Marco Feliciano ainda se queixou que a iniciativa de Malafaia o colocou na mira dos ativistas gays novamente, pois hackers invadiram seu site no dia da Parada Gay, substituindo a home page por uma imagem da bandeira LGBT, uma montagem com um Jesus com o rosto do personagem Carlton Banks, da série de TV “The Fresh Prince Of Bel-Air” (“Um Maluco No Pedaço”, na versão em português), interpretado pelo ator Alfonso Ribeiro, uma alusão à marca de cosméticos e uma paródia da música “I Will Survive”.
“Quem pagou o pato fui eu”, disse Feliciano, a quem os hackers atribuíram a campanha de boicote ao Boticário.