A fracassada experiência da TV Globo com a novela Babilônia, que vem tendo péssimos índices de audiência para o padrão que a emissora se acostumou, é explicado pelos especialistas em TV como uma rejeição do público à ousadia do trio de autores, que ao mostrar um beijo gay logo na estreia, deram uma amostra do que viria pela frente.
Por outro lado, a novela das 19h00, I Love Paraisópolis, tem tido mais audiência do que Babilônia, o que é “uma humilhação diária” para Gilberto Braga, um dos autores do folhetim das 21h00, segundo ele mesmo.
O jornalista especializado em TV Daniel Castro, do site Notícias da TV, elencou as diferenças entre as duas novelas e as sutilezas que fazem a trama protagonizada por Bruna Marquezine ser mais bem quista do que Babilônia.
“Tanto Babilônia quanto I Love Paraisópolis apresentam pontos em comum, mas que são tratados de maneira completamente opostas, o que, de certa forma, explica a melhor aceitação do folhetim das sete”, indica Castro.
Na questão da representação dos evangélicos, a novela que entra no ar mais cedo “trata com normalidade e sem estereótipos os evangélicos”, enquanto “em Babilônia, a família Pimenta recorre ao ‘Altíssimo’ em toda fala, e o texto faz questão de destacar um quê de moralismo e demagogia”.
O especialista destaca ainda que não passou despercebida do público a tentativa dos autores de Babilônia em retrucar as críticas dos parlamentares da bancada evangélica, e o resultado, foi ainda mais antipatia dos telespectadores: “Ainda que Maria José (Laila Garin) e Laís (Luisa Arraes) sejam mostradas com retidão de caráter, os personagens Aderbal (Marcos Palmeira) e Consuelo (Arlete Salles) parecem mais uma chacota do que um retrato desse público [evangélico]. É uma resposta camuflada dos autores à bancada evangélica do Congresso, que chegou a pedir o boicote da trama por mostrar um beijo gay no primeiro capítulo”, conclui.