A indústria do cinema em Hollywood tem apostado pesado em filmes de temática bíblica e prevê para o próximo ano, o lançamento de diversos filmes com assuntos retratados no Velho Testamento.
No Brasil, a TV Record tem ditado a tendência com minisséries como A História de Ester, Sansão e Dalila, Rei Davi e José do Egito, que deverá ser levada ao ar em breve.
Os filmes produzidos em Hollywood sobre assuntos bíblicos contam com atores e diretores de renome internacional, como Russel Crowe, que interpretará Noé no filme “Noah” (ainda sem tradução oficial para o português), Will Smith, que viverá Caim no filme “The Redemption of Cain”, ou os diretores Steven Spielberg e Ridley Scott, que dirigirão filmes com histórias de Moisés.
A Paramount, estúdio que está investindo US$ 125 milhões na filmagem de “Noah”, construiu uma réplica em escala da arca de Noé como forma de emprestar realismo ao filme, e busca impactar dois públicos distintos com sua produção: “Para o público que costuma frequentar o cinema, nós vamos vendê-lo como um filme de ação/aventura com efeitos visuais espetaculares e um grande diretor e um elenco fantástico”, afirma Rob Moore, vice-presidente do Conselho de Administração da Paramount. Já para o público que não frequenta cinema como entretenimento, o filme vai, segundo ele, proporcionar “uma forma de discutir e pensar sobre uma história de fé, seja com a família ou mesmo atingindo grupos de jovens”.
O filme sobre Caim que terá Will Smith no papel principal está sendo produzido pelo estúdio Sony Pictures, e contará uma história sobrenatural, inspirada livremente na história do fratricida que tornou-se o primeiro assassino registrado na Bíblia. Como a história que será contada no filme não retrata fielmente o que é contado na Bíblia, este é o filme que mais se distancia dos registros.
A Warner Bros. Pictures pretende contar com Steven Spielberg para contar a história do filme “Gods and Kings” (em tradução livre “Deuses e Reis”), que contará uma história sobre o profeta Moiséis, que também será tema de outro filme, da 20th Century Fox, chamado “Exodus”, e que mostrará Moisés guiando o povo hebreu durante o êxodo do Egito.
Fora Moisés, a Warner pretende em breve, filmar também uma história a respeito de Pôncio Pilatos, porém este projeto ainda está em fase inicial.
Já a empresa Lionsgate pretende exibir nos cinemas de todo o mundo, um filme chamado “Mary, Mother of Christ” (Maria, Mãe de Cristo), que segundo o jornal The Wall Street Journal, tem sido considerado por especialistas uma espécie de prólogo do filme “A Paixão de Cristo”.
Ainda segundo o jornal, a opção pelos filmes bíblicos vai além das histórias que permitem a construção de bons filmes e a utilização de efeitos especiais. Como as histórias contadas na Bíblia já são de domínio público, as empresas não precisam pagar taxas autorais.
Porém, segundo Jonathan Bock, as empresas correm sérios riscos quando fazem filmes sobre personagens bíblicos: “Se você fizer errado, não apenas não conquistará o grande público, mas também não atingirá o público-alvo”, afirma.
O polêmico diretor Paul Verhoeven, conhecido por dirigir filmes como “Instinto Selvagem”, “Show Girls” e a primeira versão de “O Vingador do Futuro”, afirma que existem mensagens bíblicas, incluindo a filosofia de vida de Jesus Cristo, que devem ser transmitidas em grandes escalas: “Acredito firmemente que o que chamo de nova ética de Jesus — ame seu inimigo — deve ser aplicada ao pensamento humano e que isso não é feito com muita frequência”, argumenta o diretor, que mais recentemente causou controvérsia ao anunciar o filme “Jesus of Nazareth”, em que Jesus teria nascido fruto de um estupro.
Nem todos os filmes produzidos por Hollywood serão fiéis às histórias bíblicas, porém, alguns deles contaram com consultoria de teólogos, para evitar discrepâncias. A Paramount elaborou um cronograma extenso, para permitir que seus roteiristas consultassem especialistas bíblicos a fim de evitar polêmicas: “Há uma interpretação criativa que adentra em pontos que não estão diretamente expressos no material, e então você sempre corre o risco de as pessoas se ofenderem com essas histórias”, revela Rob Moore.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+