John Graz se gaba de que a Igreja Adventista do Sétimo Dia é uma das maiores promotoras de liberdade religiosa por todo o mundo, ao mesmo tempo lamentando que poucas organizações estão provendo competição.
Como diretor de Relações Públicas e Liberdade Religiosa da denominação, Graz explica na entrevista que se segue, entre outras questões de destaque da Igreja, que os festivais de liberdade religiosa promovidos pela Igreja Adventista por todo o mundo são elementos-chave para a concientização de liberdade religiosa globalmente.
Nativo da Suíça, Graz também serve como secretário-geral da Associação Internacional de Liberdade Religiosa, lançada pela Igreja Adventista em 1893 para defender liberdade religiosa para todas as fés
A organização não-sectária tem atualmente associações afiliadas em cerca de 80 países, e é o principal fórum mundial para liberdade religiosa, declara Graz, com mais de 600 tendo freqüentado seu sexto congresso mundial na África do Sul em março passado.
Graz, que obteve o seu doutorado em sociologia da religião pela Universidade Sorbonne, de Paris, e anteriormente serviu como um porta-voz da Igreja sobre liberdade religiosa e juventude na Europa–recentemente falou à Rede Adventista de Notícias sobre os planos futuros do seu Departamento, o que um aumento de membros significaria para a liberdade religiosa, os êxitos da Igreja e mesmo alguns de seus fracassos nessa área. Eis trechos de uma entrevista com a Rede Adventista de Notícias:
ANN: Por que os adventistas do sétimo dia estão a defender a liberdade religiosa para todas as fés?
Graz: “Porque é um dom de amor da parte de Deus–o livre arbítrio. É também um dom das pessoas que lutaram por liberdade para todos, um dom de nossos pioneiros que creram nisso”.
ANN: Existem agora cerca de 15 milhões de membros da Igreja Adventista por todo o mundo, não incluindo crianças. Os novos membros sabem sobre a história da Igreja em defender a liberdade de crença?
Graz: “Na Igreja hoje cerca de 80 por cento dos membros têm poucas raízes em nossa história porque são novos. Arriscamos esquecer-nos de nossa identidade de defender e promover a liberdade religiosa. Há um risco real de perder isso.
ANN: Como os membros da Igreja consideram a liberdade religiosa? Julgam-na importante?
Graz: “Algumas pessoas na Igreja pensam que a liberdade religiosa trata apenas de perseguição e eventos do fim do mundo. Desafortunadamente, tantas vezes esse tem sido o enfoque. Mas o mais importante é focalizar sobre o princípio do que vem a ser liberdade religiosa. Porque devemos atuar juntos com outros?
Podemos ter mais influência sobre a sociedade. Devemos desempenhar um papel em desafiar legislação que possa limitar a liberdade religiosa. Tal metodologia nos porá na linha de frente da defesa da liberdade religiosa porque não há muitas outras pessoas a promovendo como nós.
ANN: Em seus 12 anos como diretor, quais têm sido algumas das falhas?
Graz: “Toda vez que sei de um estudante que perdeu um teste num sábado porque ninguém tomou conta dele ou dela, sinto-me mal. Há muitas igrejas onde ninguém está encarregado de liberdade religiosa e os que têm problemas são deixados sós sem qualquer apoio da comunidade. O resultado é que somos menos fiéis.
Sinto um fracasso quando ouço que um casal de adventistas foi queimado numa praça pública em Dagestan [Rússia] em 1997, e não fomos informados antes que ocorresse e não fomos capazes de fazer nada.
Toda vez que a Igreja é retratada como uma seita porque alguns dentre nós adoram atacar os outros sem qualquer cortesia ou espírito cristão, que é um espírito de amor. Lamentavelmente uma pequena minoria entre nós pode representar a Igreja pobremente perante o público e causar muito dano”.
ANN: E que tal falar de êxitos?
Graz: “Sim, não nos esqueçamos dos êxitos: pessoas que salvamos da prisão, pessoas que ajudamos quando foram despedidas por observarem o sábado, pessoas que poderiam ter sido mandadas de volta a seus países para serem executadas, os congressos internacionais, simpósios, comendas, reuniões de especialistas que organizamos”.
“Temos amigos de diferentes fés, professores universitários, oficiais do governo, que se uniram a nós em reuniões de especialistas ou simpósios sobre liberdade religiosa”.
ANN: Como outras denominações encaram os adventistas?
Graz: “Somos mais e mais reconhecidos como uma Igreja Cristã, com particularidades que, às vezes, nos colocam à margem. A excelente obra de relações públicas realizada por anos por pessoas como Bert Beach e outros têm mudado a forma como muitos líderes religiosos costumavam nos ver. Mas para muitas pessoas ainda somo visto como uma seita. Não é o caso no Caribe ou na África e algumas partes de América Latina”.
ANN: Pode nos dar um escopo da operação do
departamento?
Graz: “Temos uma equipe de três. Temos Jonathan [Gallagher] nas Nações Unidas em Nova York e Genebra. Temos um escritório pequeno mas bem localizado em Nova York. Também temos James [Standish] em Washington [D.C.], onde ele se envolve com questões de Estado-Igreja junto ao Congresso americano. [A região da América do Norte] produz a revista “Liberty”, a maior publicação para liberdade religiosa–com 180.000 exemplares publicados bimestralmente. Também estamos sempre mantendo contato. Na semana passada tivemos uma delegação de membros do Parlamento de Uganda aqui [na sede denominacional adventista]”.
ANN: Quais são algumas coisas pelas quais a igreja deve orar?
Graz: “Por aqueles que são perseguidos e perderam tudo por sua fé. Há milhões por todo o mundo sofrendo discriminação e às vezes tortura somente porque seguem ao Senhor. As pessoas também podem orar por uma visita ao Embaixador das Filipinas em 11 de julho. Então, em agosto teremos conversações com a Aliança Evangélica Mundial a ser seguida por um diálogo com a Igreja Presbiteriana Unida dos Estados Unidos”.
ANN: O seu departamento coordena festivais de liberdade religiosa. Quais são os objetivos que visam a
alcançar?
Graz: “Promover liberdade religiosa tem costumeiramente sido feito a partir de dentro–administradores denominacionais indo a oficiais do governo–mas os festivais vão ao público para celebrar. Eles são importantes porque isso nunca foi feito antes na história do cristianismo. Estamos dizendo, muito obrigado por mais de 150 países que permitem a liberdade religiosa. São em geral realizados ao mesmo tempo em que há um simpósio ou uma reunião de especialistas. No ano passado tivemos 15.000 pessoas num ginásio num festival desses no Brasil, com 20.000 mais fora do edifício. Entre os mais recentes houve um em Manila [Filipinas], Kiev [Ucrânia], África do Sul, Trinidad, Guyana; no próximo ano haverá um em Angola, com talvez 60.000 pessoas, e um em St. Petersburg [Rússia]. Também os teremos em Honolulu, México, Venezuela, Chile, Peru e Brasil. Chegou o tempo de dizermos muito obrigado pela liberdade religiosa.
Fonte: Rede Adventista de Notícias