Uma iniciativa controversa chamada “culto da Beyoncé”, que usa as músicas e história de vida da cantora Beyoncé Knowles como tema de “cultos feministas”, está causando uma enorme mobilização em defesa do “empoderamento” de mulheres negras nos Estados Unidos.
A proposta, que vem sendo chamada de “Culto da Beyoncé”, promete “cura e empoderamento” a mulheres negras, importando para o meio cristão a divisão social que ocorre fora deste segmento.
Curiosamente, os eventos serão realizados em Nova York em dois templos da ala progressista da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, que não representa o todo da denominação.
“Junte-se a nós na Primeira Igreja Presbiteriana do Brooklyn, em Nova York, para um culto inovador que usa a música e a vida de Beyoncé como uma ferramenta para cultivar uma conversa empolgante sobre mulheres negras – suas vidas, seus corpos e suas vozes. O culto de Beyoncé cria um espaço de história, escritura e música que pede a libertação de todas as pessoas”, diz o anúncio feito pela congregação em sua página no Facebook.
Já na ilha de Manhattan, o evento ocorre no templo da Igreja Presbiteriana St. James. Os organizadores do evento não se dispuseram a falar sobre sua motivação quando o portal The Christian Post solicitou uma entrevista.
No entanto, um funcionário da Primeira Igreja Presbiteriana do Brooklyn disse que a congregação não estava envolvida na organização do evento, apenas oferecendo seu espaço, confirmou que a mobilização seria concretizada.
A reverenda Yolanda Norton, uma estudiosa da Bíblia em hebraico ligada ao Seminário Teológico de San Francisco, disse ao jornal New York Times em uma entrevista recente que: “o culto diz às jovens negras: você faz parte do que Deus tinha em mente quando, durante a criação, Deus disse ‘Isso é bom'”.
“Ao tornar as histórias e realidades de jovens mulheres e meninas negras componentes centrais dessa arte litúrgica, estamos afirmando suas realidades em um mundo persistente e obstinado em suas tentativas de rejeitá-las”, argumentou, colocando Beyoncé como um exemplo de sucesso profissional a ser seguido.
Pessoas que participaram de um “culto da Beyoncé” antes, como Lydia Middleton, reitora de Assuntos Estudantis Negros das Faculdades Claremont em Los Angeles, disseram ao The New York Times que a experiência os deixa com uma forte sensação de bem-estar. “Não estou envolvida na igreja há anos, mas voltar para esse espaço foi incrível”, disse ela.
“Foi quente e convidativo, e saí me sentindo curada. No final do culto, as pessoas estavam chorando, as pessoas estavam alegres, as pessoas estavam se abraçando”, acrescentou.
A reverenda Yolanda Norton também defendeu-se da desconfiança de que a “culto da Beyoncé” seja uma demonstração de idolatria, e disse se tratar de um movimento dentro da tradição do pensamento e prática feminista: “O feminismo privilegia o espaço intelectual e íntimo das mulheres negras. Isso tem a ver com a necessidade das mulheres negras de participar de comunidades maiores que as próprias para o florescimento de toda a humanidade”, finalizou.