INDONÉSIA – Muçulmanos pararam os cultos em uma igreja na ilha de Sumatra e em outra igreja na ilha de Java, assim como outras igrejas permanecem fechadas após ataques sofridos por radicais anticristãos no ano passado.
A congregação Igreja Amor Evangélico Betel (Gereja Bethel Injil Kasih Karunia), na província de Riau, em Sumatra, parou seus cultos aos domingos depois que 60 manifestantes de quatro mesquitas exigiram seu fechamento no último dia 15 de fevereiro.
Os manifestantes, liderados por Harry Cahyono e Victor Ramaddan, protestaram dizendo que a igreja na vila de Tangkerang Labuai, distrito de Bukit Raya, não tinha permissão para se expandir. Eles escreveram com tinta vermelha na parede da igreja: “Não construam sem permissão”.
A congregação Amor Evangélico Betel é a única igreja da vila, rodeada por 14 mesquitas. Nenhuma delas tem permissão para funcionar, de acordo com o Rev. Alex Ritonga. No entanto, sua igreja é registrada junto às autoridades locais para Assuntos Religiosos.
Ele alega que não existe permissão de expansão, como defendem os muçulmanos da região para ele.
O Rev. Ritonga, 62 anos, disse que sua igreja com centenas de membros foi estabelecida em 1980 e registrada junto ao Departamento de Religiões de Pekanbaru em 1984.
“Nós iremos à Justiça se este caso não puder ser discutido entre a assembléia da igreja e os manifestantes”, disse o Rev. Ritonga.
Existem aproximadamente 15 mil cristãos na província.
Vandalismo
Em Java Central, uma igreja na vila de Keji, perto de Ungaran, permanece fechada depois que 150 extremistas muçulmanos e moradores do local forçaram seu fechamento em 24 de novembro de 2007.
Depois de mostrar ao pastor uma petição de oposição à Igreja Pentecostal Emanuel, assinada por dezenas de moradores, – apesar de muitas assinaturas terem sido forjadas pelo líder da vila Achmad Syakir, de acordo com o antigo líder do pequeno vilarejo – a multidão entrou na igreja e destruiu equipamentos.
Os muçulmanos radicais bloquearam a porta com lenha e folhas, e pintaram com letras vermelhas na parede a seguinte mensagem: “Fechada pela comunidade”.
Ameaça: “Qualquer um que reabra a igreja será morto”
“Qualquer um que reabra esta igreja será morto”, disse um dos criminosos de acordo com o pastor Harsinah ( que não forneceu seu nome completo).
Achmad Syakir, que se tornou líder da vila no ano passado, acusou a igreja de não ter uma permissão para cultuar. Estabelecida desde 1979, a igreja tinha obtido um consentimento por escrito das autoridades locais para funcionamento como local de culto e tinha eventos semanalmente.
Djawadin Saragih, um advogado da igreja, disse que o consentimento por escrito tinha força legal e não podia ser revogado. Ele disse que o Decreto da Junta Ministerial que foi revisado em 2006 não tinha efeito até anos após o estabelecimento da igreja.
“A lei só é relevante para locais de culto que foram construídos para tal”, disse ele.
O pastor Harsinah disse que a igreja não tinha opção a não ser uma ação legal, pois ele havia assinado um acordo com seus oponentes antes deles invadirem, depredarem e fecharem a igreja.
“Nós assinamos um acordo que estabelecia dois pontos”, disse ele. “Primeiro que não ocorreriam atos de violência enquanto o caso estivesse em processo. O segundo ponto que nós pararíamos os trabalhos da igreja e os programas com as crianças até que o caso fosse resolvido”.
Igreja doméstica fechada
Também na ilha de Java na província de Banten, a Igreja Batista Cristã de Jacarta está ainda fechada depois de um ataque em 21 de novembro do ano passado.
Os extremistas muçulmanos do grupo FPI chutaram as portas e janelas da casa do Rev. Bedali Hulu em Tangerang, onde a igreja se encontrava, e jogaram para fora seus pertences. Em seguida autoridades locais pediram a ele que deixasse a área até que as tensões diminuíssem, e as atividades da igreja pararam mesmo a igreja tendo uma permissão e estando registrada junto às autoridades dos Assuntos Religiosos.
As atividades da igreja começaram em junho de 2005, mas os problemas só surgiram em 4 de janeiro de 2007, quando alguns moradores da área pediram que a igreja fechasse por causa de suas reuniões. A congregação tinha a permissão das autoridades dos Assuntos Religiosos na província de Banten para se encontrar, mas não uma permissão para fazer cultos na casa.
“Agora não podemos ter atividades de culto”, disse o Rev. Hulu. Além disso, o Rev. Hulu não tem permissão para voltar para sua casa, pois a polícia fracassou em garantir a segurança dele.
Membros da congregação que desejam e podem viajam para uma igreja localizada a 30 quilômetros da casa para continuarem a cultuar.
Em Java Central, muitos membros da Igreja Cristã de Java Dlagu em Sukoharjo ainda estão com muito medo de freqüentar cultos depois do ataque de agosto passado realizado pelo grupo Guerreiros Islâmicos de Surakarta, mesmo depois de quatro líderes do grupo estarem sendo acusados criminalmente.
Fonte: Portas Abertas