As vésperas do Natal sempre reacendem um velho debate no meio cristão: pais devem embarcar na cultura popular e deixar os filhos viverem a fantasia do Papai Noel, ou informá-los, desde cedo, sobre o real sentido da festa?
O pastor John Piper compartilhou suas reflexões sobre o assunto e aconselhou a não substituir o nascimento de Jesus pelo “mito” comercial.
A sugestão do veterano pregador é que os pais se esforcem para ensinar aos filhos sobre a figura popular sem contar mentiras, pois isso facilitará o desapego no futuro: “Estamos enganando as crianças ao contar essa história como uma simples declaração de fatos? ‘Papai Noel mora no Polo Norte’; ‘Papai Noel voa com renas’; ‘Papai Noel deixa presentes debaixo da árvore’; ‘[…] é servido por elfos’. Apresentar esse mito como fato não é verdadeiro para nossos filhos”.
Para contextualizar seu conselho, Piper diferenciou as mentiras no contexto do Papai Noel com as histórias ilustrativas que se valem de fantasias, como As Crônicas de Nárnia, do escritor cristão C.S. Lewis, ou ainda as parábolas de Jesus: “As crianças devem saber que são inventadas e devem saber por que os pais contam histórias inventadas às crianças. Eu acho que é bom contar histórias inventadas às crianças”, explicou.
O problema, na visão do pastor, é que o conto do “bom velhinho” termina ofuscando o real sentido do Natal: “Por que um cristão, que encontrou em Jesus Cristo o maior tesouro do mundo, o comercializa por qualquer outra coisa? Por que eles, que veem na vida, morte, ressurreição e reinado de Jesus a mais incrível história do mundo, contam outra história? Por que eles substituiriam Cristo por um mito patético e não evangélico como o Papai Noel, cuja mensagem é ‘é melhor você ser bom e não chorar’? Eu simplesmente não consigo entender”, observou no podcast publicado no Desiring God.
O esforço de convencimento do pastor veio acompanhado de uma dura crítica, dizendo que priorizar a fantasia ao falar às crianças sobre o Natal é uma demonstração de “fracasso” na jornada de fé cristã: “É um compromisso sincrético com a cultura que diz: ‘Pobre Jesus. Ele é invisível. Papai Noel não é, você pode vê-lo no shopping. O pobre Jesus não faz rondas em um trenó no céu, deixando brinquedos embaixo da árvore’”.
“Se Cristo não pode competir com o Papai Noel nos corações de nossos filhos, nós não conhecemos o verdadeiro Cristo. Seus filhos têm espaços vazios do tamanho de Cristo em seus corações. Eles não sabem disso. Você deve mostrá-los, mas isso não pode ser feito com o Papai Noel, somente com Cristo”, reiterou.