Jovens líderes de diversas denominações e instituições evangélicas reuniram-se para dialogar a respeito do relatório da Comissão da Verdade e Reconciliação (CVR), da situação dos direitos humanos no Peru, e para avaliar a ação da Igreja diante desta realidade.
O colóquio foi realizado no sábado, 6, no Conselho Nacional Evangélico do Peru (Conep), e contou com o apoio do Programa de Juventude e Cidadania do Centro Cristão de Promoção e Serviços (Ceps). Os participantes do evento trataram de elaborar propostas para promover processos de cultura de paz nas congregações.
Os jovens concluíram que grande parte da Igreja não participa desses temas por considerar que, caso o fizerem, estariam se “metendo em política”. Eles também indicaram que isso se deve a uma visão “dualista” das coisas, ao opor “Igreja” e “mundo”, produto de uma formação teológica conservadora.
Os participantes do colóquio apontaram que um setor da comunidade evangélica só reagiu quando “foi tocado”, em alusão à matança ocorrida na Igreja Presbiteriana de Callqui (Ayacucho), impetrada pelo Sendero Luminoso, em 1984, no marco da violência política verificada no país entre 1980 a 2000.
Apesar dessas considerações, os jovens reconheceram o importante trabalho da CVR na difusão desses temas. Também foram enaltecidos os avanços quanto ao fortalecimento da democracia e o empoderamento das organizações sociais, conquistas obtidas com a colaboração e o empenho de setores da igreja evangélica.
Ao expor a respeito das recomendações da CVR, o pastor Rafael Goto disse que o Peru é “uma sociedade de pós-conflito”, e que diante disso é necessário ser agentes “de oração”. Ele enfatizou a atitude de busca de Deus com ações concretas para promover os direitos fundamentais na juventude evangélica.
Depois dos trabalhos em grupo, os participantes propuseram a criação de núcleos de jovens evangélicos que trabalhem a reflexão bíblica e a análise social dos direitos humanos e da cultura de paz, a fim de promovê-la nas igrejas.
Fonte: ALC