Um gesto maior do que o simples conceito de solidariedade marca a identidade espiritual de uma sinagoga localizada no Alabama, Estados Unidos, após os líderes judeus decidirem ceder o espaço do estabelecimento para uma igreja cristã que teve o templo destruído por um incêndio.
O gesto reflete a mesma herança teológica de culto a um só Senhor, o único Deus verdadeiro, conforme ensina o Antigo Testamento, compilação de livros bíblicos comum para judeus e cristãos.
A Igreja Metodista Episcopal da Trindade, no Alabama, perdeu o templo no ano passado, durante o período do Natal, quando um incêndio destruiu o estabelecimento. A congregação poderia estar sem lugar para se reunir e adorar a Deus, mas isso não ocorreu graças ao acolhimento da sinagoga Templo Emanu-El.
Os judeus abriram mão das diferenças doutrinárias referentes ao Novo Testamento, para permitir que os cristãos da Metodista realizassem seus cultos no espaço da sinagoga.
“Eles fizeram uma declaração que foi bastante surpreendente e que foi ‘o nosso espaço’, e isso é simplesmente maravilhoso”, disse o pastor metodista, Erskine Faush Jr, referindo-se à maneira como os líderes da sinagoga trataram o local, como sendo um espaço comum.
Jessica Roskin, do Templo Emanu-El, explicou que a decisão reflete o ensino doutrinário judaico reformado. Isto é, não ortodoxo. “Como judeus reformados, acreditamos fortemente no que se chama Tikkun Olam”, disse ela para a rede de TV CNN.
“Isso significa reparar o mundo. E o que é agir, nós desejaremos ser tratados e receber o estranho. E significa ser a melhor pessoa ou lugar que você pode ser para ajudar a reparar o mundo”, explicou a Jessica.
O pastor Erskine Faush Jr elogiou a decisão e ressaltou que assim judeus e cristãos demonstram o amor de Deus através da união. “A igreja e a sinagoga unidas é outra maneira de deixar o mundo saber que o bem é mais forte que o mal”, disse ele.