As acusações de que a Igreja Universal do Reino de Deus integrava uma rede ilegal de adoção de crianças em Portugal foram apreciadas pelo Ministério Público do país e arquivadas.
A denúncia, feita em dezembro de 2017 por uma emissora de TV portuguesa, acusava a denominação liderada pelo bispo Edir Macedo de manter uma suposta rede ilegal de adoções nos anos 1990 no país.
A Procuradoria-Geral de Portugal confirmou que o inquérito, instaurado ainda em 2017, está arquivado. De acordo com o site da Igreja Universal, a série de reportagens da emissora TVI foi articulada pelo ex-bispo Alfredo Paulo, que foi expulso da denominação por supostamente ter cometido adultério e roubo. Ele atuou como uma das fontes das denúncias.
A Universal se referiu às reportagens como “mentirosas”, e acrescentou que as denúncias não foram comprovadas. “Uma acusação caluniosa que, de acordo com o despacho de arquivamento do inquérito, foi desmentida durante a investigação”, diz uma matéria no site oficial da denominação.
“Além disso, os supostos pais declararam não ter assinado qualquer documento para adoção das crianças. Contudo, a investigação também provou o contrário, ‘foi igualmente desmentido por parte das restantes diligências de prova’ reiterou o juiz no despacho”, diz outro trecho da notícia escrita pela jornalista Rafaela Dias.
O inquérito apurou que nenhum pai nunca havia apresentado sequer uma queixa contra a denominação antes das denúncias feitas pela TVI. Esse fato foi ponderado pela Justiça de Portugal: “Não houve notícia de qualquer pai ou mãe biológica que tivesse junto de qualquer entidade pública apresentado queixa pelo desaparecimento de qualquer criança ou da impossibilidade de aceder a qualquer criança”, diz o despacho.
Em resumo, as acusações diziam que crianças abrigadas no Lar Universal, que era mantido pela Universal na década de 1990, teriam sido raptadas, levadas ao Brasil e aos Estados Unidos para serem adotadas ilegalmente por bispos e pastores.
No auge da polêmica, o caso foi exposto na imprensa brasileira e tornou-se centro de uma polêmica com o jornalista Fábio Pannunzio, da Band.
Pannunzio usou as redes sociais para compartilhar as reportagens da emissora portuguesa TVI e recebeu uma notificação extrajudicial: “Recebi um papelucho da Igreja Universal e outro do Edir Macedo. Não eram cartões de feliz ano novo nem nada parecido. Eram notificações extrajudiciais ameaçando me processar. O CEO da IURD está bravinho porque eu repliquei aqui no Facebook as reportagens feitas pela TVI de Portugal denunciando um lar de acolhimento criado pela seita em Lisboa”, publicou o jornalista no Facebook à época.