A viagem de Bolsonaro a Israel reacendeu o debate sobre a transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, e o pastor Silas Malafaia afirmou que a abertura de um escritório comercial brasileiro na capital israelense é um primeiro passo para concretizar a mudança.
Malafaia concedeu uma entrevista e afirmou que o presidente planeja fazer a mudança da embaixada para Jerusalém “paulatinamente”, e que essa decisão exigem coragem política.
“Não foi o João ou o Manoel que me disse isso, foi o presidente. Ele falou, ‘olha, Silas, eu vou fazer essa mudança paulatinamente. Não vou fazer de uma vez porque não tem necessidade e nem tem pressa. O Donald Trump levou nove meses para transferir a embaixada, não vou ser eu que vou fazer em cem dias’”, contou o pastor, em entrevista à BBC News Brasil.
Malafaia integra o grupo que defende a mudança, argumentando que o país é “independente e soberano” para apoiar a escolha de Israel em relação à sua capital.”Acho que o Brasil não tem nada a perder, e não vai perder [com a mudança]”, opinou.
O líder evangélico pentecostal também minimizou as ameaças de retaliação feita pelos países árabes, contrários à mudança. Muitas dessas nações são compradoras do agronegócio brasileiro, principalmente de produtos como a carne halal, de frango e bovina, produzida conforme os preceitos islâmicos, além de açúcar e milho, e ameaçam deixar de comprar do Brasil se a embaixada for transferida para Jerusalém.
“Aí vão comprar de quem? Vão comprar onde? Vão retaliar o quê?”, ironizou Malafaia, sugerindo que haveria dificuldades de encontrar alternativas aos produtos brasileiros. O país é hoje o maior exportador mundial de carne halal. “Não vamos ser subservientes. Não é o Brasil nem ninguém de fora que define a capital de um Estado soberano”, disse Malafaia, deixando claro não se importar com a contrariedade das Nações Unidas sobre o tema: “Quem diz amém para tudo que a ONU fala? Eu não conheço”, declarou, de acordo com o portal Terra.