A revelação de que se tornou réu numa ação do Ministério Público por improbidade administrativa levou o pastor Silas Malafaia a comentar o assunto e explicar suas críticas à juíza Mirela Erbisti, da 3ª Vara de Fazenda Pública do Rio, que segundo ele, realizou um “pré-julgamento” sobre o caso, indicando uma suposta parcialidade.
O pastor, que tornou-se réu porque na ocasião era o responsável pela organização da Marcha Para Jesus enquanto presidente do Comerj, afirmou que é preciso esclarecer de que se trata a “improbidade administrativa” que motivou a denúncia do Ministério Público.
“Improbidade é quando um agente público usa uma verba para alguma coisa que não poderia usar, e que não é o caso da Marcha Para Jesus. Não tem nada a ver com roubo, com desvio de dinheiro, e quero deixar bem claro que toda verba que a Marcha Para Jesus recebeu foi toda investida lá. Ninguém se aproveitou de nada. E tem mais: você é obrigado a detalhar todo o gasto para ter aprovação no Tribunal de Contas”, disse o pastor.
Contextualizando o cenário político e social do país, Malafaia afirmou que as verbas que um evento como a Marcha Para Jesus recebe se encaixam no mesmo tipo de investimento que o governo realiza na Parada Gay. “Porque ninguém questiona as verbas que o governo dá para a Parada Gay? O que eles têm a mais do que nós? E outra: a Parada Gay usa verba pública para cometer crime que é digno de cadeia, estabelecido no Código Penal, artigo 208, vilipêndio a imagens de religião”, atacou.
“Porque a meritíssima não pede ao Ministério Público para oferecer uma denúncia contra eles? Isso é uma verdadeira perseguição religiosa. Agora, olha o despacho dela. Já faz um prejulgamento a meu respeito”, acrescentou, referindo-se ao fato de que a magistrada afirmou que o pastor usou o evento para promover “seu nome pessoal”.
Em seguida, o pastor leu um trecho do documento expedido pela juíza aceita e explica que a própria magistrada indica que ele não levou vantagens financeiras com a realização do evento, e então questiona a argumentação de que ele estaria buscando promoção pessoal: “Deixa eu lhe dizer uma coisa, e para o povo: em 2011 […] eu saí na revista Época como um dos 100 brasileiros mais influentes. Em 2012, de novo. Eu já tinha programa de televisão em rede nacional há mais de 30 anos. Em rede mundial de televisão, com programa dublado em inglês para mais de 120 nações. Entrevistas em organizações internacionais, tudo que é imprensa e televisão no Brasil. Eu to precisando aparecer? Isso é uma tentativa de denegrir a minha imagem porque o povo não entende o que é improbidade administrativa”.
“Outro dado que você precisa saber: tanto o Executivo municipal, estadual e federal pode enviar verba sem licitação. Verbas publicitárias, verbas de âmbito social, de promoção cultural. Por algum acaso, tem licitação para a Parada Gay? Tem licitação para a Mangueira, o Salgueiro, Beija-Flor receberem verba [no carnaval]?”, questionou Malafaia. “A Prefeitura do Rio enviou verbas – é só ir lá e pesquisar – para tudo que é entidade ligada a culto afro, Igreja Católica, igreja evangélica, e eu que sou atingido?”, insistiu,
A motivação para tal ação pode vir de outro âmbito, aventou Malafaia: “Eu tenho direito de conjecturar. No canal do YouTube da meritíssima, entre outros assuntos, tem defesa de transgêneros. Eu começo a entender. Eu sou um dos mais veementes combatedores da ideologia do ativismo gay. Isso é uma verdadeira perseguição religiosa. Não foi cometido ato de crime nenhum. A verba foi toda usada no evento, e eu acredito na Justiça, em desembargadores isentos, em ministros das instâncias superiores que são isentos, e em nome de Jesus eu não vou ser envergonhado e vou ganhar essa parada. Posso perder aí na instância dela. Estou indignado. Isso é uma vergonha”.