Até que ponto a ética profissional deve prevalecer, mesmo quando o sofrimento de alguém clama por um tipo de ajuda que a ciência não consegue oferecer respostas suficientes? Esse foi o dilema que um médico do Reino Unido precisou enfrentar no hospital onde trabalha.
Richard Scott trabalha como diretor de uma clínica chamada Bethesda Medical Center, na cidade de Margate, em Kent. O médico foi acusado de orar por um paciente em tratamento de depressão e ansiedade.
A denúncia, segundo informações do portal Telegraph, foi divulgada pelo grupo secularista National Secular Society (NSS) e depois encaminhada para a General Medical Council (GMC), o órgão público que mantém o registro oficial de médicos no Reino Unido.
Para o médico Scott, no entanto, o grupo que deu prosseguimento a denúncia está agindo de forma exagerada, aparentemente por causa da sua expressão de fé cristã.
“Eles não gostam de mim. Bem, para ser honesto eu não gosto deles, mas eu não estou atirando para que eles percam. Eles pensam que eu sou irresponsável e perigoso e eu diria o mesmo sobre eles”, disse Scott.
“O NSS está obviamente atirando contra mim — e gostariam que eu perdesse meu emprego porque eles não gostam de mim”, destacou o profissional.
A utilização da fé como recurso auxiliar no tratamento de saúde dos pacientes não é mais um tabu científico, visto que inúmeras pesquisas recentes apontam os benefícios, por exemplo, da oração, para a recuperação de pessoas emocionalmente enfermas.
Mesmo assim, o médico Scott corre o risco de perder o emprego, assim como vários outros profissionais que não abrem mão de usar todos os recursos possíveis para salvar vidas.
Para a GMC, no entanto, a sensibilidade humana do médico Scott não é um benefício, mas sim um fator que ameaça a sua credibilidade. “Uma queixa ou preocupação levanta questões sobre a capacidade do médico de praticar com segurança ou ameaçar a confiança do público”, diz o órgão.