Professor de inglês nos dias úteis da semana, pastor aos domingos, o missionário estadunidense Justus Nelson foi o primeiro pastor metodista a pregar na Amazônia. No dia 27 de junho de 1880, ele começou as pregações, ainda em inglês, num armazém subalugado. Dois anos depois, já pregava em português, e em 1883 fundou a Igreja Metodista Episcopal do Pará.
“Da mesma forma que Paulo em Corinto, eu no Pará nunca recebi remuneração do meu serviço de pastor”, disse Justus ao se despedir dos paraenses, em novembro de 1925, quando regressou aos Estados Unidos.
“Como não temos membros endinheirados na igreja, durante estes últimos anos a maior parte das reduzidas despesas da nossa igreja foi paga com dinheiro meu, ganho por mim nas aulas de língua”, agregou.
Vida, trajetória de Justus e desenvolvimento da Igreja Metodista Episcopal foram pesquisados pelo Grupo de Estudos do Metodismo na Amazônia (Gema). Justus era casado com Fannie Nelson. Em 1881, abriu uma escola em Belém, o Colégio Americano, que teve que ser fechado no ano seguinte por causa da febre amarela, que matou o irmão do pastor, uma cunhada e professora.
Gema descobriu, nas pesquisas, que o pastor Justus esteve preso, de janeiro a abril de 1893, no Presídio São José, hoje um pólo turístico, por “ultraje à religião católica”, infringindo o artigo 185 do Código Penal da República.
Justus também fundou, motivado pelo aquecimento econômico da borracha, o jornal “Apologista Christão Brazileiro”, que se apresentava como um “jornal religioso semanal, para famílias, dedicado à propaganda da verdade evangélica”. O jornal era semanal, passou depois a quinzenal, mensal, e sobreviveu até 1925, ano da despedida da família Nelson de Belém.
Foram mais de quatro décadas de missão na Amazônia. Com o fechamento da missão, ocorrido por causa da saída do pastor, metodistas de Belém foram encaminhados para outras igrejas evangélicas. Nos Estados Unidos, Justus trabalhou em Portland, onde editou jornais e pregou em língua portuguesa para brasileiros que viviam na cidade.
Fonte: ALC