O pastor da Assembléia de Deus, Roberto Firmo Vieira, foi acusado pelo site “O Eco” de utilizar a infra-estrutura do Ministério do Meio Ambiente (MMA), no qual exerce a função de consultor técnico, para divulgar e realizar cultos evangélicos nas dependências do organismo público. O seu superior confirmou a manutenção do pastor no cargo, que ocupa desde 2005 através de contrato mantido com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Em matéria divulgada pelo jornal O Estado de São Paulo, o diretor do Departamento de Cidadania e Responsabilidade Sócio Ambiental da pasta, Pedro Ivo de Souza Batista, saiu em defesa do pastor argumentando que os cultos na pasta ocorrem por iniciativa de servidores do Ministério que professam a religião evangélica, “sempre fora do horário de expediente”.
Pedro Ivo falou em nome do MMA, uma vez que a ministra Marina Silva estava viajando. Ele disse que o Ministério oferece uma sala multimídia, mediante agenda disponível, “para atividades legítimas de seus servidores e consultores sem discriminação, inclusive de opção religiosa”.
Em 2007, o pastor Roberto Vieira esteve envolvido em outra polêmica ao distribuir no Congresso Nacional um encarte contendo informações sobre a realização de evento intitulado “Os cristãos e a Criação”, no qual constava o telefone do Ministério do Meio Ambiente. O objetivo deste encontro tinha por objetivo reforçar o criacionismo, doutrina segunda a qual pessoas, plantas e animais foram criadas por Deus e não moldadas pela evolução.
Questionado sobre a legalidade desta medida, Pedro Ivo respondeu que a questão do meio ambiente tornou-se hoje uma preocupação mundial, gerando o interesse de cientistas, movimentos sociais, igrejas e ambientalistas. Para exemplificar a amplitude da questão ambiental, mencionou a temática trabalhada pela Campanha da Fraternidade, que debateu questões pertinentes à preservação da água, contando inclusive com a colaboração do MMA.
Vinculada à Igreja Assembléia de Deus, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, proferiu palestra no 3. Simpósio sobre Criacionismo e Mídia, promovido pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo, nos dias 10 a 13 de janeiro. Na ocasião, a ministra argumentou que tanto os preceitos da teoria evolucionista, cunhados por Charles Darwin, quanto os ensinamentos do criacionismo deveriam ser oferecidas aos estudantes para que pudessem decidir “por si mesmos”.
As declarações da ministra foram comentadas no editorial do jornal Folha de São Paulo, que chegou a afirmar que a separação entre fé e ciência representa uma “exigência” inegociável da modernidade.
Fonte: ALC