O missionário evangélico Kenneth Bae não imaginava que os piores dias da sua vida iriam se passar justamente no país onde estava acostumado a fazer viagens como guia turístico. Ele trabalhava na China como operador de turismo, organizando viagens para a Coreia do Norte. Em uma dessas incursões, por conta de um pendrive que ele carregava contendo informações sobre o país comunista, ele foi preso, acusado de tentar “derrubar o governo”.
A situação de Bae se agravou quando descobriram que ele é um missionário evangélico. A Coreia do Norte é o país classificado pela ONG Portas Abertas como o que mais pratica a perseguição religiosa de cristãos no mundo. Os cristãos no país são poucos e vivem de forma “clandestina”, devido ao medo de serem presos por conta da fé em Jesus Cristo.
“Ninguém pensa mais em você, todos se esqueceram de você, inclusive o seu governo. Você vai ficar 15 anos na Coreia do Norte. E quando tiver cumprido sua sentença e puder voltar para casa, estará com 60 anos”, era o que Bae ouvia todos os sábados pela manhã do promotor de acusação coreano.
“Eu me desesperava cada vez mais, às vezes ficava deprimido mesmo. Mas minha fé sempre me sustentava”, disse Bae ao lembrar da pressão emocional que sofria na prisão.
Apesar das palavras que o aterrorizavam, dois anos após ser preso, em 2014, Bae foi surpreendentemente libertado, junto com Matthew Todd Miller, outro cidadão americano. A libertação foi possível por meio de negociações entre os EUA e Pyongyang. James Clapper, coordenador de inteligência americana, foi buscar pessoalmente os dois prisioneiros.
O que manteve Bae confiante na sua libertação foi a sua fé em Deus e a certeza da sua providência. Ele deu exemplo de como isso aconteceu:
“Eu sou um missionário e tenho fé. No terceiro dia da minha detenção, tive uma espécie de experiência sobrenatural: eu estava numa sala fria, e de repente minha mão ficou bem quente, e o calor se espalhou por todo o meu braço. Eu sabia que era o calor de Deus: Ele está comigo e vai me salvar”, disse ele.
Após os dias na prisão, Bae fundou a ONG “Nehemiah Global Initiative”, dedicada a prestar auxílio aos cristãos perseguidos em países como a Coreia do Norte:
“Nós temos por objetivo ajudar os refugiados norte-coreanos, apoiamos, por exemplo, quem conseguiu chegar à fronteira com a China e quer seguir para a Coreia do Sul”, disse Bae. que atualmente viaja por várias regiões da Ásia e Oriente Médio contando seu testemunho e anunciando a libertação em Jesus Cristo.