Indiciado como um dos coautores do homicídio do pastor Anderson do Carmo, Lucas Cézar dos Santos de Souza revelou à Polícia que meses antes do crime recebeu mensagens do número de celular de sua mãe, Flordelis, pedindo que matasse o pai.
Lucas, 18 anos, revelou que estava fora de casa quando recebeu as mensagens e ponderou que era comum outras pessoas usarem o celular da mãe. Ele disse ter retornado o contato ligando, e soube que Flordelis não estava em casa quando a mensagem foi enviada, já que ele não foi ela que atendeu.
Segundo informações publicadas pelo jornal Extra, Lucas disse no depoimento que se dirigiu à casa da família posteriormente e mostrou as mensagens a Flordelis, que teria ficado nervosa com a situação.
Irmã
Uma nova personagem foi apontada por Lucas durante seus depoimentos: Marzy Teixeira da Silva, 35 anos, também filha adotiva do casal. Ele contou que um dia antes de ter recebido as mensagens enviadas a partir do celular de Flordelis, essa irmã o procurou oferecendo R$ 5 mil para matar o pai, argumentando que ele estava insuportável e que ninguém mais o suportava na casa.
O jovem – que já não vivia na casa da família por conta de seu envolvimento com o tráfico de drogas – rejeitou a oferta de imediato, segundo o que relatou à Polícia. Disse que não tinha nada contra Anderson e que sempre que precisava do pai, era atendido.
Em outra oportunidade, em um curto espaço de tempo, Lucas foi chamado novamente por Marzy, que o recebeu do lado de fora da casa e insistiu na oferta: R$ 5 mil para executar o pai. Dessa vez, ela ofereceu ainda os relógios do pastor como um adicional de pagamento. Novamente, de acordo com Lucas, o pedido foi negado.
Como havia insistência por parte da irmã e ele já tinha problemas com a Justiça, Lucas relatou que ficou desesperado com a possibilidade de ser responsabilizado pelo crime, caso outra pessoa aceitasse a encomenda de execução. À Polícia, ele disse que o celular que ele usava na época já havia sido trocado quando o crime foi cometido.
Indiciado como coautor do crime ao lado de Flávio dos Santos Rodrigues, 38 anos, filho biológico de Flordelis, o jovem já havia admitido ter comprado a arma que foi usada pelo irmão para efetuar os disparos, mas nega que soubesse que o pedido estivesse ligado ao assassinato do pai e nega ter envolvimento com planejamento do crime.
Denúncia
Na noite da última quinta-feira, 15 de agosto, Lucas e Flávio foram denunciados pelo Ministério Público Estadual à Justiça pelo crime de homicídio triplamente qualificado, configurado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima.
Flávio, que admitiu ter efetuado dos disparos, foi acusado na denúncia por ter atirado contra o pastor, enquanto Lucas é apontado como coautor por ter fornecido a arma. A denúncia foi adiantada pois o inquérito foi desmembrado, e agora a Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) continua as investigações em relação a eventuais outros envolvidos, incluindo a viúva, pastora e deputada federal Flordelis (PSD-RJ).
A delegada Bárbara Lomba, responsável pelo caso, concedeu entrevista coletiva e afirmou que não se pode, ainda, descartar a participação de Flordelis na morte do marido: “O crime foi cometido em um ambiente familiar e há outros envolvidos (além de Flávio e Lucas) e há uma motivação final. O contexto todo da família está sendo investigado. E a deputada faz parte da família”, resumiu.
Para Bárbara Lomba, a questão financeira não pode ser descartada como uma motivação: “De uma forma geral, o que há nesta altura da investigação é que a motivação seria por razões financeiras, de administração de bens. Então, isso seria uma das linhas. Então, uma das qualificadoras do crime seria por motivo torpe por essa razão”, finalizou.
A assessoria de imprensa de Flordelis afirmou que nem a pastora e nem a filha adotiva, Marzy, comentariam o depoimento de Lucas.