O senador Marcelo Crivella (PRB) é candidato à prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus. Líder nas pesquisas, o candidato evangélico recebeu um cumprimento de um pai de santo durante uma passeata, e isso motivou uma reação de entidades ligadas aos cultos afro-brasileiros.
Em uma nota oficial, 13 organizações ligadas às religiões de matriz africana criticaram “a postura do religioso, que resolveu postar-se ao lado de seu algoz”, atribuindo a Crivella – e indiretamente à Universal – uma prática de perseguição.
A nota afirma que o gesto do pai de santo foi um “equívoco” e um sinal de “má-fé”. De acordo com informações do jornal Extra, o coordenador nacional do Coletivo de Entidades Negras, Marcos Rezende, foi além: “Quando um pai de santo se junta com fundamentalistas acendemos nosso sinal de alerta. As crenças do bispo e a forma como a Universal se porta vão na contramão das religiões de matriz africana”.
O gesto de campanha de Crivella é uma tentativa de se livrar da pecha de “candidato da Universal”, denominação fundada e liderada pelo seu tio, bispo Edir Macedo. No entanto, a reação das entidades afro-brasileiras é uma demonstração do campo minado em que o senador se aventurou.
Recentemente, o grupo Mídia Ninja – que usa o Facebook para veicular vídeos, fotos e textos com viés ideológico de extrema esquerda – publicou uma gravação antiga em que Marcelo Crivella afirmava que “negros gostam de cachaça, prostituição e macumba”.
A assessoria jurídica do senador recorreu e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio de Janeiro deu ganho de causa a Crivella, pois considerou a edição do material tendenciosa e obrigou o Mídia Ninja a excluir o material e se retratar, admitindo o erro.
Na esteira dos fatos, um adepto da umbanda chamado Vinicius Oliveira declarou voto em Crivella: “Sou umbandista, mas a fé é uma coisa e a política é outra”.