Apesar de um levantamento do Instituto Datafolha ter mostrado que 66% dos evangélicos são contrários aos jogos de apostas online, popularmente também conhecidos como “bets”, outro levantamento apontou que quase 30% do mesmo segmento já utilizou essas plataformas.
É o que apontou uma pesquisa da PoderData, empresa do grupo Poder360 Jornalismo, feita na primeira quinzena do mês apassado. Segundo o levantamento, 29% dos evangélicos e 22% dos católicos já utilizaram bets para apostas online.
A mesma pesquisa também revelou que entre os evangélicos, 21% dos que fizeram apostas acabaram contraindo dívidas. Para o pastor Daniel Guanaes, da Igreja Presbiteriana Recreio do Rio de Janeiro, esta é uma realidade preocupante por vários fatores.
O primeiro diz respeito à falsa impressão de que jogar em bets não produz dependência. “Hoje a pessoa está com o celular na mão, com o encorajamento de influenciadores. Então, na cabeça de muitos, eles estão jogando como se estivessem jogando qualquer outra coisa”, explica o pastor.
Ou seja, diferentemente de cassinos e bingos, “a roupagem hoje aparenta ser mais inofensiva” devido à facilidade de utilização das plataformas de apostas online, gerando a impressão de que, na prática, o jogo seria apenas uma espécie de brincadeira.
“Eu acho que, por isso, muita gente não percebe e só vai se dar conta quando a situação começa a ficar bem complexa, ao ponto de perder dinheiro, de comprometer casamento”, alerta Guanaes, que além de pastor, também é psicólogo.
Papel da igreja
Ainda segundo o líder religioso, os cristãos devem tratar o tema com seriedade, levando em consideração que não basta classificar as apostas como pecado, apenas, mas trazer à tona todas às consequências negativas produzidas pela dependência dos jogos.
“A igreja pode ser, no seu ecossistema, um espaço que mostre às pessoas como essas atividades geram vício e dependência, e como isso é custoso para os relacionamentos, para a saúde financeira, como isso compromete a segurança”, explica o pastor, segundo a Comunhão.
Guanaes, por fim, sugeriu que “se a Igreja organiza palestras e encontros para conscientizar as pessoas sobre isso, ela tem chances de ser muito eficaz ao ajudar a sociedade a não ir por esse caminho”.