Um pastor de renome nos Estados Unidos atraiu para si holofotes de críticas ao fazer um comentário infeliz sobre escravidão e racismo no país. Diante da repercussão, admitiu que escolheu mal as palavras e se desculpou, mas um rapper declarou que agrediria o líder evangélico.
Louie Giglio é líder da Passion City, uma megaigreja em Atlanta, conhecida por seu trabalho de missões, um dos ministérios de destaque da instituição. Na esteira dos acontecimentos após o assassinato de George Floyd, o pastor afirmou que os brancos dos Estados Unidos não reconhecem a “bênção” da escravidão, e sugeriu trocar o termo “privilégio branco” por “bênção branca”.
O portal Daily Mail repercutiu a declaração do pastor, feita durante uma transmissão da igreja, em que o rapper cristão Lecrae e o CEO da rede de fast-food Chick-fil-A, Dan Cathy, também cristão, participaram. Os três haviam organizado uma “conversa aberta e honesta” sobre racismo e cristianismo.
Ao longo da conversa, o pastor Louie Giglio disse que a igreja estava lutando contra “esse contexto histórico, no qual os seguidores ‘amam a bênção da cruz, mas não gostam de sentar nela’”. A essa altura, decidiu fazer uma analogia com a história da escravidão no país, dizendo que os americanos brancos não reconhecem a “bênção” oriunda da opressão sobre os negros, que lhes permitiu viver uma vida privilegiada na sociedade.
“Entendemos a maldição que era escravidão, os brancos entendem e dizemos que ‘foi ruim’, mas sentimos falta da bênção da escravidão de que ela realmente construiu a estrutura para o mundo em que os brancos vivem”, disse o pastor.
“Muitas pessoas chamam isso de privilégio branco e, quando você diz essas duas palavras, é como um fusível que dispara contra muitas pessoas brancas, porque elas não podem, não querem que alguém lhes diga para verificar seu privilégio”, acrescentou.
Dirigindo-se diretamente ao rapper Lecrae, o pastor sugeriu usar a frase “bênção branca” em vez de “privilégio branco”: “Você e eu lutamos ultimamente com ‘ei, se a frase é a viagem para cima, vamos passar por cima da frase e vamos direto ao coração. Vamos ao que vocês querem chamar de’… Acho que uma coisa ótima para mim é chamá-lo de ‘bênção branca’. Estou vivendo na bênção [resultante] da maldição que aconteceu em gerações, que me permitiu crescer em Atlanta”, declarou.
Lecrae, que é negro, ficou em silêncio durante a transmissão do culto, mas posteriormente veio a público para dizer que conversou com o pastor para expressar sua contrariedade com o que foi dito. Depois disso, o pastor decidiu pedir desculpas pela escolha de palavras, já que havia tentado dizer que do capítulo negativo da escravidão, surgiu um país próspero e que tem lutado contra o racismo.
A repercussão foi amplamente negativa, e o rapper T.I. fez uma live no Instagram comentando a controvérsia, mencionando que, embora admire a gentileza e humildade de Lecrae, ele não teria lidado com a situação da mesma maneira.
“[Lecrae] exerceu extrema cautela e eu respeito isso, porque eu provavelmente teria acertado a mandíbula dele”, disse T.I. Então, ele falou sobre Louie Giglio e seu pedido de desculpas. “Não, irmão. É isso que eu continuo tentando dizer a todos. Eles não podem ligar menos sobre o que pensamos ou como nos sentimos. Eles só se importam com o quanto gastamos”, protestou, conforme informações do RapMais.