O projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados que estabelece uma proibição de alteração no texto da Bíblia Sagrada foi avaliado pelo pastor Lipão como um precedente perigoso para a própria comunidade cristã no Brasil.
O texto do PL 4606/19, de proposta do pastor e deputado federal Sargento Isidório (Avante-BA), prevê que seja proibida “qualquer alteração, edição ou adição aos textos da Bíblia Sagrada, composta pelo Antigo e pelo Novo Testamento em seus capítulos ou versículos, sendo garantida a pregação do seu conteúdo em todo território nacional”.
Apesar de a intenção do projeto seja preservar o conteúdo milenar da Bíblia Sagrada, o texto abre brechas para que aprimoramentos de traduções – como por exemplo, a Nova Versão Internacional (NVI), que consolida traduções fiéis ao original em linguagem atual – sejam proibidas.
Já o pastor Lipão, fundador da igreja Onda Dura, chamou atenção para o poder que a sociedade atribui ao Estado quando o Parlamento aprova uma lei como essa:
“É uma normatização dizendo que ninguém pode alterar a Bíblia. Qual é o problema disso? Problema disso é que se o Estado pode dizer que não se deve alterar a Bíblia, Ele também pode nos obrigar a alterar a Bíblia quando lhe for conveniente. E isso é preocupante”, alertou.
O debate envolvendo a liberdade religiosa é intrínseco ao conceito de liberdade de expressão, o que torna o tema ainda mais espinhoso no momento que o país atravessa, com ações do Poder Judiciário que cerceiam a livre manifestação do pensamento de determinados setores da sociedade.
“O Estado não tem que meter o bedelho na nossa fé”, acrescentou, na legenda do vídeo publicado em sua conta no Instagram.
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