O cantor e compositor Pastor Lucas reagiu às declarações do pastor Ed René Kivitz sobre a suposta “insuficiência” da Bíblia Sagrada e a necessidade que ele enxerga de “atualizar” as Escrituras. O artista gospel questionou “como se atualiza um livro de princípios eternos?”.
Ed René Kivitz tem visto seu infeliz sermão ser rebatido e refutado por lideranças cristãs das mais diversas denominações e vertentes doutrinárias. O Pastor Lucas é um dos que pontuaram que, se o raciocínio do pastor da Igreja Batista da Água Branca (IBAB) for examinado cuidadosamente, a única parte que sofreria “atualização” é o Novo Testamento, convenientemente.
“A Bíblia tem nela contextos históricos, profecias e doutrinas. Como posso atualizar as histórias se elas já ocorreram? Também não posso atualizar as profecias, pois a sua maioria também já ocorreu. Então só me resta atualizar as doutrinas de Jesus. É isso?”, questionou Lucas.
A crítica do cantor gospel se estendeu, também, ao papa Francisco, que recentemente declarou apoio à união civil entre homossexuais, o que levou um cardeal católico a classificar a declaração como uma heresia: “Nunca vi um filósofo que ama Platão dizer que os seus ensinos estão desatualizados. Nunca vi um seguidor de Maomé dizer que suas profecias estão desatualizadas. Nunca vi um discípulo de Buda dizer que o espiritismo está incompleto. Mas o senhor Ed René e o ‘santíssimo’ papa Francisco acham que as doutrinas de Jesus estão fora de moda”.
“O livro mais veraz, com o maior número de cópias já encontradas, está incompleto e precisa ser atualizado? Na atualização precisamos criar um ambiente mais confortável para os seguidores de Jesus que querem permanecer nas suas escolhas pecaminosas? É isso?”, insistiu Pastor Lucas, apontando mais especificamente para o ponto em que Kivitz relativiza a visão bíblica sobre a homossexualidade.
Pastor Lucas acrescentou que “a Bíblia é um livro histórico, doutrinário, sagrado e irrefutável” que tem influenciado sociedades ao longo dos séculos”, e que seus conceitos não foram passíveis de influência do contexto social em nenhum período até hoje: “Se o senhor for capaz de fazer essa atualização, primeiro o senhor precisaria consultar o autor. Eu acho que Ele não vai autorizar isso. Aliás, Ele já fez menção disso no próprio livro: ‘Se alguém tirar alguma palavra deste livro de profecia, Deus tirará dele a sua parte na árvore da vida e na Cidade Santa, que são descritas neste livro’. Apocalipse 22:19”
“Como se atualiza um livro de princípios eternos? Acho que é isso. Podemos atualizar a forma de entregar a mensagem, mas jamais podemos atualizar a mensagem do Evangelho, se não já não é o Evangelho”, encerrou Pastor Lucas, no artigo publicado pelo portal Pleno News.
Insistência
As reações proporcionais às declarações polêmicas de Ed René Kivitz foram recebidas pelo pastor da IBAB com tristeza, segundo ele próprio comentou em um vídeo publicado no YouTube. Dizendo-se “ferido”, afirmou que ficou triste por “perceber que isso que nós chamamos de Igreja é capaz de tantas palavras de morte e tem em seu seio tantos atores promotores de morte”.
A atual declaração sobre sua ânsia de mudar a interpretação bíblica não foi a única. Há um ano, de maneira mais tímida, o pastor já havia feito a mesma proposta em um artigo publicado na revista Veja sobre o que definiu como machismo dentro do cristianismo, e definiu que apenas uma revisão sobre os “equívocos hermenêuticos da visão bíblica e teológica” presentes nas igrejas poderia mudar esse cenário.
Sem reconhecer seu equívoco, Kivitz se posicionou como vítima: “Nós não praticamos o apedrejamento literal, mas atualizando a Bíblia nós praticamos apedrejamentos virtuais, nós praticamos um apedrejamento na forma de linchamento público, na forma de assassinato de reputações, na forma de julgamento cruel e impiedoso das consciências alheias”.
Em seguida, disse que estava vindo a público por dever explicações à sua congregação e que havia sido mal interpretado, pois segundo ele, não teria negado a inerrância da Bíblia Sagrada.