Um corretor imobiliário da Virgínia está enfrentando a possibilidade de ter sua licença revogada por publicar versículos bíblicos nas redes sociais. O caso despertou a preocupação sobre os graves riscos à liberdade de expressão.
Wilson Fauber atua como corretor imobiliário de Staunton, Virgínia, há 40 anos. Ele foi convocado a depor na Associação de Corretores em uma audiência para responder à acusação de que teria violado o Padrão de Prática 10-5 da National Association of Realtors.
Esse padrão foi adotado em 2020 pela entidade e declara que os corretores imobiliários “não devem usar discurso de assédio, discurso de ódio, epítetos ou calúnias com base em raça, cor, religião, deficiência sexual, status familiar, nacionalidade, orientação sexual ou identidade de gênero”.
“Tudo começou, pode-se dizer, com uma publicação que Wilson fez nas redes sociais em 2015”, disse o advogado de Fauber, Michael Sylvester, do Founding Freedoms Law Center da Virginia Family Foundation.
A publicação feita por Fauber estava no contexto do debate na Suprema Corte dos EUA se a união entre pessoas do mesmo sexo era um direito constitucional. À época, Fauber compartilhou sua análise sobre o assunto como um ministro cristão, apresentando a “visão bíblica sobre o casamento”, disse o advogado.
Oito anos depois, quando Fauber disputou um cargo público, sua publicação veio à tona. Ao ser questionado se mantinha suas posições, o advogado respondeu que a postura de Fauber não vai mudar: “Ele ama a todos. Ele serve a todos. Ele não odeia ninguém, não discrimina ninguém, mas ele está com a Palavra de Deus”.
Perseguição
Uma denúncia à Associação de Corretores gerou a investigação, e o advogado do pastor e corretor se disse decepcionado pelo fato de a entidade não ter descartado a reclamação “frívola”, e ter dando andamento emitindo uma declaração de que seu cliente “pode ter violado essa nova regra de discurso de ódio”.
“Nossa posição é que Wilson não disse nada que constitua discurso de ódio. Em vez disso, ele vem de um coração de amor e serve a todos”, rebateu Sylvester.
O advogado ponderou ainda que outros pastores que também atuem em outras profissões tenham “seus sermões ou suas postagens nas redes sociais colocadas sob grande escrutínio quando estão tentando atuar na capacidade ministerial”.
De acordo com informações do portal The Christian Post, Fauber não é o primeiro corretor a ter sua licença contestada por opiniões, sendo o caso de uma corretora imobiliária da Geórgia chamada Julie Mauck, que “falou em uma reunião do conselho escolar contra certos conteúdos gráficos e homossexuais sendo usados em seu sistema escolar público”, um dos mais chamativos.
Na ocasião, Julie “perdeu em sua primeira audiência com a Associação de Corretores Imobiliários da Geórgia”, mas garantiu um “resultado favorável” após recorrer da decisão primária.