Pastor voluntário há mais de dez anos, Edmilson Ferreira Mendes é teólogo, conferencista e preletor em vários eventos, e autor dos livros: “Adolescência Virtual”, “Por que esta geração não acorda?”. “Caminhos” e “Aliança”. Além disso, Edmilson atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing.
Em entrevista, o pastor falou sobre como a experiência publicitária o auxilia no ministério, como denominações têm utilizado a propaganda para atrair membros e a relação entre Igreja e empresa. “A propaganda não é ruim, ela pode ser ruim”, diz ele.
O fato de ser publicitário o auxilia em seu ministério pastoral?
Edmilson Mendes: Ajuda. Por exemplo, ele [pastor] é engenheiro e pastor, advogado e pastor, dentista e pastor. Acho que toda formação vai ajudar no ministério, e não só a Teologia. No caso da publicidade, ajuda, pela visão que a gente tem de mundo, das pessoas, a sensibilidade para olhar a vida, a arte, tudo isso contribui e acrescenta.
O senhor acredita que a Igreja usa de marketing e publicidade para atrair pessoas? Se utiliza, ela tem feito de maneira correta?
Edmilson Mendes: A igreja usa. Desde o grupo de jovens local, até o presbitério geral, a igreja tem usado a internet, a mídia impressa, seu veículo interno para falar com o seu público… É o ‘cartazinho’, o convite. Acho que dentro da realidade da Igreja, ela usa de forma correta. Digo realidade a condição financeira que ela tem. Existem igrejas e igrejas, umas têm dois milhões de dólares para investir em marketing e outras não têm, então cada uma dentro da sua realidade – sem criticar a que tem ou a que não tem -,usa as ferramentas que estão ao seu alcance.
Então, cartazes, slogans, propagandas televisivas, feitas de maneira correta, são válidos?
Edmilson Mendes: Sim, são válidos. São ferramentas que estão aí para serem usadas. A propaganda não é ruim, ela pode ser ruim se for usada para fazer uma lavagem cerebral nas pessoas, mas enquanto ela oferece um produto para nós escolhermos, ela é boa. Enquanto um produto começa a ser fabricado em baixa escala, ele é caro, mas à medida que você tem a propaganda, ela divulga, as pessoas começam a comprar e isso é produzido em grande escala, o preço cai. Por exemplo, a TV de plasma que custava 10 mil e hoje já está por 2 mil,ou seja, a propaganda foi boa para mim, ela me deu acesso a uma coisa que eu não tinha. Agora, quando a propaganda me faz consumir coisas que eu não preciso, me engana e me hipnotiza, ela é ruim, mas isso vale para todas as áreas da atuação humana.
Alguns líderes observam a Igreja como uma empresa com valores diferentes. A Igreja pode ser vista e comparada a uma empresa?
Edmilson Mendes: Até certo ponto, sim. A gestão de uma igreja tem que ser ética e profissional, então pode emprestar uma série de estratégias, planejamento e palavras do mundo empresarial, mas temos um limite, porque a Igreja não é uma empresa, ela é Igreja. Ela funciona diferente, é um organismo que tem pessoas, então não dá para eu ficar mensurando uma meta e falar ‘tem que ser assim’ porque há tantas variáveis! Tem dia que você acorda emocionado, na fossa, triste, revoltado, deprimido, e tem dia que você acorda ‘pra cima’,e a Igreja é desse jeito… O Espírito Santo é soberano para fazer o que quer com a Igreja, independente dos nossos planos, e se eu perder isso de vista, vira uma coisa mecânica, e a Igreja, nesse aspecto, não pode ser assim.
Em sua opinião, Igreja cheia representa êxito na pregação da Palavra e na publicidade?
Edmilson Mendes: Não. Crescimento não pode ser a resposta para se aquela Igreja está certa ou errada. Tem muita Igreja que está cheia, mas tem um conteúdo horroroso, e tem Igreja que está cheia e oferece um conteúdo muito saudável, mas isso não é toda a verdade, porque também há igreja que tem um conteúdo muito legal e está vazia, assim como uma com conteúdo horroroso que também está vazia. Não dá para medir igreja cheia dessa forma. Existem igrejas cheias por ‘N’ coisas: pregador, música boa, grupo de louvor, adoração…O que funciona é a multiforme graça de Deus, não temos que nos preocupar em padronizar uma igreja porque as pessoas são diferentes. Eu posso não gostar daquela, mas tem um público que gosta, e a graça de Deus está atuando. Não podemos achar que só nós somos bons, só nós sabemos fazer bem feito, até porque também cometemos equívocos, ‘pisamos na bola’, erramos.