Um pastor sequestrado pelos extremistas muçulmanos do Boko Haram foi libertado no último dia de um prazo que havia sido definido como limite. A ameaça inicial era que se o resgate não fosse pago, ele seria executado.
Bulus Yikura estava em cativeiro desde o dia 24 de dezembro de 2020, véspera do Natal. Ele foi sequestrado na região de Chibok, no estado de Borno. A imprensa local reportou que o líder cristão foi visto sendo transportado para um escritório das forças de segurança locais na quarta-feira, 03 de março, dia que seria o prazo final para o pagamento do resgate.
Quando sequestrou o pastor, o Boko Haram, um dos grupos extremistas mais mortíferos do mundo, divulgou um vídeo em que Yikura implorava ao governo nigeriano e à Associação Cristã da Nigéria que o resgatasse antes que ele fosse executado: “Se vocês me querem vivo, imploro na sua qualidade de presidente, governador e presidente do governo local que me salve desse sofrimento”, disse ele na língua haura.
De acordo com informações do portal The Christian Post, um dos vídeos mostrava o pastor sequestrado ajoelhado enquanto um homem mascarado e armado com uma faca estava atrás do sacerdote da Igreja dos Irmãos na Nigéria (EYN). Outros dois vídeos foram divulgados em janeiro e fevereiro, sempre ressaltando a ameaça de morte ao cristão.
As forças de segurança disseram ao portal nigeriano Premium Times que a família de Yikura e a igreja EYN negociaram sua libertação no final de fevereiro. Após ser solto, o pastor foi abordado para comentar o resgate, e se resumiu a dizer “agradeço a Deus, agradeço a Deus”.
Resgate pago
Dede Laugesen, diretor executivo do ministério Save the Persecuted Christians, sediado nos EUA, acredita que a Igreja EYN pode ter pago o resgate do pastor ao Boko Haram: “Nós comemoramos sua libertação e também as crianças de Zamfara sendo libertadas, mas a praga de sequestros por resgate que tem sido galopante na Nigéria desde 2019 não foi abordada e [estamos] agora muito preocupados por termos visto o aumento no sequestro de crianças em idade escolar”.
Os extremistas perceberam que o sequestro se tornou uma lucrativa fonte de receita para financiar suas atividades terroristas. Quase 300 estudantes nigerianas foram sequestradas em uma operação no final de fevereiro, sendo libertadas no dia 02 de março.
“É uma triste realidade que está se tornando cada vez mais arraigada na Nigéria e um problema que é muito difícil de resolver, especialmente quando o governo provavelmente também está envolvido”, afirmou Laugesen, expressando suas desconfianças.
“A Nigéria é essencialmente a nova sede da jihad islâmica que busca estabelecer um califado”, disse Laugesen. “Os cristãos na Nigéria e outros estão muito preocupados que o governo continue a dar impunidade aos extremistas islâmicos na Nigéria. Portanto, não há nenhuma responsabilidade real vinda do governo nigeriano”, concluiu.
A Missão Portas Abertas ranqueou a Nigéria em sua Lista Mundial de Perseguição em nono lugar, de um total de 50 países. A organização também relata um nível “extremo” de opressão islâmica contra os crentes na Nigéria. Quase 50% do país é cristão, somando mais de 95 milhões de fiéis a Jesus Cristo em todo o território.