A nova estratégia de defesa da estudante de jornalismo Patrícia Lélis é tentar anular o inquérito realizado pela Polícia Civil de São Paulo no episódio em que ela acusou o ex-chefe de gabinete do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) de coação e cárcere privado e terminou com seu indiciamento por denunciação caluniosa e extorsão.
Patrícia Lélis agora é representada também pelo advogado Roberto Cidade. Inicialmente, quem cuidava dos interesses da estudante era o criminalista José Carlos Carvalho, que deixou o caso logo após a matéria do SBT Repórter ir ao ar, com a exposição de incongruências na acusação de agressão e estupro feita por ela contra Feliciano. Posteriormente, ela passou a ser representada pela advogada Rebeca Novaes Aguiar.
Para Roberto Cidade, o caso de Patrícia Lélis teria que ser conduzido pela Polícia Federal, pois envolve o pastor Marco Feliciano, que é deputado federal, cargo que tem prerrogativa de foro.
Segundo informações do G1, Roberto Cidade já fez o pedido de anulação do inquérito conduzido pelo delegado Luiz Roberto Hellmeister: “Pedimos ao MP que sugira a Justiça para anular o inquérito da Polícia Civil de São Paulo. Patrícia nega que tenha cometido os crimes de denunciação caluniosa e extorsão. O inquérito tem de apurar a denúncia que ela fez anteriormente: de que foi sequestrada e mantida em cárcere privado pelo assessor”, disse o advogado.
A estratégia de pedir a anulação se dá porque o inquérito terminou com o indiciamento de Patrícia Lélis e seu pedido de prisão preventiva à Justiça. A acusação de coação e cárcere privado feita por Patrícia Lélis foi desmentida com vídeos de câmeras de segurança do hotel onde ela ficou hospedada, e com depoimentos de testemunhas, incluindo o jornalista Emerson Biazon, que inicialmente intermediou o contato da estudante com o assessor de Feliciano.
Para o advogado de defesa, embora a acusação feita por Patrícia Lélis contra o ex-chefe de gabinete de Feliciano, Talma Bauer, não tenha sido comprovada, é importante anular o inquérito para que o pedido prisão seja nulo.
Roberto Cidade quer que a acusação de cárcere privado e coação seja novamente investigada pela Polícia Federal, no inquérito que a Procuradoria Geral da República irá abrir caso o Supremo Tribunal Federal autorize a investigação da acusação de agressão e estupro que Patrícia Lélis fez contra Feliciano.
“É isso o que queremos também nesse caso de São Paulo, no qual ela acusa o assessor de sequestro e cárcere, que ele seja investigado pela Polícia Federal e seja analisado pelo Supremo Tribunal Federal [STF]”, disse Roberto Cidade.
No entanto, a Polícia Civil de São Paulo alega que o inquérito foi encerrado com o pedido de prisão de Patrícia Lélis porque houve uma reviravolta durante as investigações que apuravam a denúncia de sequestro e cárcere e foi descoberto que ela mentiu.
A investigação concluiu que a estudante e um amigo exigiram dinheiro de Bauer para que ela desmentisse a denúncia de que Feliciano abusou sexualmente dela: “Pedi a prisão porque ela destrói as pessoas que estão ao redor dela. Não só agora como no passado, quando apontou um inocente como estuprador em Brasília. Aqui ela quase destruiu a vida do policial. Ela representa risco à sociedade por mentir e causar danos a diversas pessoas”, comentou o delegado Hellmeister.
Sua conclusão de que houve mentira por parte de Patrícia Lélis se deu após receber um laudo da Polícia Civil do Distrito Federal, realizado em fevereiro deste ano, com o perfil psicológico da estudante, que a classificava como “mitomaníaca”, um desvio que leva a pessoa a mentir compulsivamente.
O laudo teria sido feito após um pedido da polícia e o Ministério Público (MP) do Distrito Federal, pois ela alegava ter sido estuprada diversas vezes em sua casa, quando ela era adolescente, sem que sua família soubesse: “Após esse laudo, o caso foi arquivado por falta de provas. Ou seja, ela mentiu ter ocorrido um estupro que não aconteceu”, encerrou o delegado.