O coronavírus levou as pessoas de fé a sentirem que Deus está dizendo à humanidade para mudar sua forma de viver, segundo uma nova pesquisa. Essa constatação vem de uma pesquisa realizada nos Estados Unidos.
No país, onde a pandemia de coronavírus já ceifou mais de 80 mil vidas, causando também dificuldades econômicas para outros milhões, a pesquisa feita pela Universidade de Chicago Divinity School e do Centro de Pesquisa de Relações Públicas da Associated Press-NORC indica que as pessoas também podem estar pesquisando para um significado mais profundo nessa crise.
Mesmo entre pessoas que não são membros de nenhuma igreja, como Lance Dejesus, de Dallastown, Pensilvânia, viram uma possível mensagem maior na pandemia: “Pode ser um sinal, como ‘ei, reveja suas ações’. Eu não sei”, disse o homem de 52 anos que acredita em Deus, mas não se considera religioso. “Parece que tudo estava indo na direção certa e, de repente, você percebe essa coisa de coronavírus que acontece do nada”.
Segundo o jornal The Guardian, a pesquisa descobriu que 31% dos americanos que acreditam em Deus sentem fortemente que o vírus é um sinal que diz à humanidade para mudar, com o mesmo número sentindo isso um pouco. Os protestantes evangélicos são mais propensos do que outros a acreditarem fortemente, com 43%, em comparação com 28% dos católicos e protestantes principais.
Quando os pesquisados são divididos por etnias, os americanos negros se mostraram mais propensos do que os de outras origens raciais a dizerem que sentem que o vírus é um sinal de que Deus quer que a humanidade mude, independentemente de educação, renda ou sexo.
47% disseram que sentem isso fortemente, em comparação com 37% dos latinos e 27% dos brancos.
A pesquisa descobriu que americanos negros que acreditam em Deus foram os mais propensos a dizer que sentiram dúvidas sobre a existência de Deus como resultado do vírus – 27% disseram isso, em comparação com 13% dos latinos e 11% dos americanos brancos.
Mas o vírus provocou uma mudança insignificante na crença geral dos americanos em Deus, com apenas 2% dizendo que acredita em Deus hoje, mas não criam antes. Menos de 1% diz que não acredita em Deus hoje, mas cria antes.
A maioria dos templos interromperam os cultos presenciais para ajudar a proteger a saúde pública quando o vírus começou a se espalhar, com os americanos religiosos recorrendo a reuniões online e drive-in para expressar sua fé. Aqueles que são membros de alguma denominação estão regularmente envolvidos em orações privadas durante a pandemia, com 57% dizendo que o fazem pelo menos semanalmente desde março – aproximadamente a mesma parcela que dizem que oraram regularmente no ano passado.
No geral, 82% dos americanos dizem acreditar em Deus e 26% dos americanos dizem que seu senso de fé ou espiritualidade se fortaleceu durante a pandemia. Apenas 1% diz que está enfraquecido.
Kathryn Lofton, professora de estudos religiosos na Universidade de Yale, interpretou o alto número de americanos que percebem o vírus como uma mensagem de Deus sobre a mudança como uma expressão de “medo de que, se não mudarmos, essa miséria continuará”.
“Quando as pessoas são perguntadas sobre Deus, elas geralmente a interpretam imediatamente como poder”, disse Lofton. “E eles respondem à pergunta dizendo: ‘Aqui é onde está o poder de mudar o que eu experimento’.”
55% dos crentes americanos dizem que sentem pelo menos um pouco que Deus os protegerá de serem infectados. Entre os evangélicos, há maior propensão do que entre outras crenças religiosas a dizer que acreditam nisso, com 43% dizendo tão fortemente e outros 30% dizendo um pouco, enquanto católicos e protestantes tradicionais estão mais divididos em se sentir assim ou não.