“Eu me resolvo com Deus”. Com essa frase, o humorista Fabio Porchat minimizou as críticas das pessoas que protestam contra o Especial de Natal que o Porta dos Fundos lançou na Netflix. O protesto contra a produção já soma um milhão de assinaturas.
A petição online tenta pressionar a Netflix a remover o filme do catálogo e expressa uma mobilização de proporções inéditas contra o Porta dos Fundos. No filme, que traz no subtítulo A Primeira Tentação de Cristo, Jesus se assume homossexual e volta do deserto com um namorado.
Além disso, há insinuações de que a concepção de Jesus não foi virginal e que Maria trairia José. “Gente, pode deixar que eu me resolvo com Deus, tá de boas, não precisa se preocupar não. Agora pode voltar a se indignar com a desigualdade que destrói nosso país. Mas tem que se indignar com o mesmo fervor, tá?”, defendeu-se Porchat no Twitter.
No meio evangélico, pastores de todas as vertentes doutrinárias se manifestaram contra a zombaria. O pentecostal Marco Feliciano publicou artigo dizendo que consequências virão sobre o grupo de humoristas, trazendo a “justa justiça” divina sobre eles.
Eli Borges, também deputado federal e pastor evangélico, usou a tribuna da Câmara dos Deputados para incentivar um boicote à empresa: “Conclamo os milhões de brasileiros para que comecem a deixar de lado a Netflix que pelo segundo ano consecutivo traz essa afronta aos cristãos”, disse o líder pentecostal tocantinense, relembrando do Especial de Natal de 2018, em que Jesus foi apresentado como um alcoólatra.
O pastor presbiteriano Joel Theodoro publicou artigo endossando o boicote: “Tomei conhecimento de que algo além do tolerável na perspectiva cristã estava ocorrendo, e isso me conduziu a cancelar a minha assinatura da Netflix”.
Já o pastor e escritor Franklin Ferreira destacou a veia ideológica da produção: “Hoje, os esquerdistas não escondem mais seu ódio contra a religião mais perseguida do mundo: o cristianismo […] O Porta dos Fundos, que tem entre suas estrelas um ferrenho defensor do PT e PSOL, é parte desse movimento para vilipendiar e ridicularizar a fé no Senhor Jesus Cristo”, escreveu.
Entre os católicos não foi diferente: o bispo da Diocese de Palmares (PE), dom Henrique Soares da Costa sugeriu que os fiéis adotem postura semelhante aos evangélicos e boicotem a empresa de streaming que financiou a produção do Porta dos Fundos.
“Em pleno tempo de preparação para o Natal do Senhor, a Netflix deu um bofetão no rosto de todos os cristãos, cuspiu na nossa cara, zombando da nossa fé. Imaginem um filme debochado e desrespeitoso ao extremo com alguém a quem você ama. Como reagir? O ideal seria uma ação judicial. Mas, com a desculpa de liberdade de expressão, todo lixo é permitido, todo sarcasmo para com a fé alheia e louvado, tudo quanto trinca e corrói os alicerces da nossa cultura e da nossa sociedade é reputado como avanço e progresso”, contextualizou o líder católico.
“Então, como bispo da Igreja, eu exorto vivamente aos cristãos: neste Natal, proclame seu amor, sua fé, seu respeito em relação a Nosso Senhor Jesus Cristo; mostre que seu amor por Ele é real e ativo: cancele a assinatura da Netflix e lá, no menu apropriado, explique o motivo: ‘desrespeito por Jesus Cristo’”, aconselhou Costa.
Gente, pode deixar que eu me resolvo com Deus, tá de boas, não precisa se preocupar não. Agora pode voltar a se indignar com a desigualdade que destrói nosso país. Mas tem que se indignar com o mesmo fervor, tá? ❤️
— Fabio Porchat (@FabioPorchat) December 11, 2019