O templo da Igreja Internacional da Graça de Deus no bairro João Rossi, em Ribeirão Preto (SP), pode confundir os desavisado à primeira vista. Se não fosse o grande letreiro que identifica o local como um templo religioso, qualquer pessoa poderia pensar se tratar de uma lanchonete. Liderada pela pastora Maria Aparecida dos Santos Conga, de 59 anos, a igreja funciona há sete anos em um pequeno quiosque, conhecido na região como trailer, construído originalmente para abrigar uma lanchonete.
Com pouco mais de 20 metros quadrados, a igreja abriga cerca de 30 pessoas a cada culto. A maioria dos fiéis que frequentam os cultos acompanha o trabalho da pastora, conhecida pelos mais próximos como Cidinha, há anos. Apesar da limitação de espaço físico, a pastora afirma que essa característica acaba por aproximar a comunidade religiosa que se reúne no antigo quiosque.
A igreja foi visitada recentemente por reportagem do G1, que relata o trabalho enérgico da pastora na liderança do grupo religioso. Durante o culto, ela emenda pedidos, reflexões e passagens da Bíblia com cânticos, sem pausas. Ela caminha também pelos poucos espaços que restam entre as cadeiras da igreja, para cumprimentar os fiéis e orar por eles.
O tamanho reduzido do templo, que contrasta com grandes templos que muitas denominações têm construído pelo Brasil, reflete positivamente em como os fiéis se relacionam. Os fiéis relatam sua grande confiança na pastora, com quem dividem problemas familiares, financeiros e pessoais.
A igreja antes funcionava em uma escola, e as reuniões religiosas aconteciam também na rua. Porém, ao ver a lanchonete desativada, a pastora viu ali uma oportunidade para ter um local para abrigar os fiéis de sua congregação.
– As outras igrejas que usavam a escola conseguiram comprar seus terrenos. Para mim, a solução foi o aluguel. A dona do trailer me pediu três meses adiantados. Para conseguir pagar, comecei a fazer bazares, que existem até hoje. Faço do lado de fora – relata a pastora.
Apesar de o tamanho do templo facilitar o contato pessoal entre os membros da congregação, a pastora relata que essa característica também resulta em alguns problemas, como o fato de ela não conseguir receber ao mesmo tempo os cerca de 100 fiéis da igreja.
– Alguns vêm na terça, outros na quinta e outros no domingo. Além disso, o bairro tem muito rodízio de pessoas. Muitos chegam e outros se mudam daqui. Sempre tem gente nova na igreja. Então, a sensação é que estou sempre começando, o que me dá estímulo para entender o que elas estão buscando – relata a pastora, sempre ressaltando o lado positivo das dificuldades.
Perguntada se o fato de a igreja funcionar em trailer pode espantar algumas pessoas, ela acredita que não.
– O lugar é gostoso. E, para agradecer a Deus, não importa onde – afirma.