O líder da maior seita poligâmica dos Estados Unidos, Warren Jeffs, foi julgado culpado de cumplicidade de estupro por ter forçado uma menina de 14 anos a se casar com um primo mais velho. O religioso, que lidera a Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Úlimos Dias (FLDS, sigla em inglês), também enfrentou outras acusações no tribunal e pode ser condenado à prisão perpétua. A data da sentença ainda não foi marcada.
Após 16 horas de audiência, o júri, na cidade de St. George, no Estado de Utah, considerou que Jeffs incentivou o casamento da adolescente com seu primo de 19 anos sem que ela quisesse casar. No julgamento, a jovem, que hoje tem 21 anos, depôs que só aceitou o casamento porque o líder disse que ela iria para o inferno se não obedecesse.
A vítima contou que sofreu muito quando soube que teria que se unir ao primo, que, na época, tinha 19 anos. “Chorei de desespero”, lembrou a jovem cujo nome não foi divulgado pela imprensa. Segundo o que relatou, ela teve a primeira relação sexual depois de um mês de casada e, em seguida, tomou vários comprimidos, pois sofria por ter feito algo que não desejava. “A única coisa que eu queria era morrer”, disse.
O marido, que não foi considerado culpado, contou que a mulher foi que o provocou para ter a primeira relação sexual. No entanto, ela afirma que se sentiu violentada.
Segundo uma lei no Estado do Utah, adolescentes de 14 anos podem consentir em fazer sexo, mas podem ser seduzidos por alguém que seja mais velho.
Warren Jeffs, por sua vez, nega o envolvimento no caso e conta com o apoio de defensores, membros da religião. A polícia prendeu o líder em agosto de 2006 numa região próxima a Las Vegas. Ele era um dos mais procurados pelo FBI.
Jeffs se autodenomina um “profeta Mórmon” e foi procurado pelas autoridades norte-americanas por mais de um ano. O líder é casado com 70 mulheres e assumiu a liderança da FLDS nos Estados do Arizona e Utah depois que o pai morreu, em 2002.
A seita
A seita, que existe há mais de um século, foi criada após uma divergência com a Igreja dos Mórmons. Na época, a religião decidiu deixar de lado a prática da poligamia. Alguns membros discordaram da atitude e fundaram uma nova religião. Atualmente, a FLDS possui cerca de dez mil seguidores.
Segundo a doutrina da seita, os homens devem ter no mínimo três mulheres para alcançar o paraíso. As mulheres, por sua vez, são ensinadas a obedecerem ao marido.
A poligamia é ilegal nos Estados Unidos. No entanto, as autoridades temem enfrentar a FLDS e provocar uma tragédia semelhante à ocorrida em 1993 na sede da seita Branch Davidian em Waco, no Texas. Na época, cerca de 80 fiéis morreram durante um confronto com policiais.
Fonte: Elnet