Após a revelação de que a Justiça havia expedido uma medida protetiva para a pastora Denise Seixas, contra seu marido, apóstolo Rina, Nathan Gouvea comentou a situação dizendo que o tempo está provando suas alegações.
Rina se afastou de sua função como líder da igreja Bola de Neve e, dias depois, surgiu o relato de que ele, supostamente, teria agredido a esposa em episódios do passado e que agora ela estaria tão abalada psicologicamente que decidiu sair de casa e buscar uma medida protetiva contra o marido.
O contexto
Nas últimas semanas, a Bola de Neve tem estado sob intenso escrutínio por conta de acusações contra a igreja. A primeira, envolveu a filial de Balneário Camboriú (SC), que teria se envolvido com desvios de recursos públicos. Em seguida, o cantor Rodolfo Abrantes e sua esposa, Alexandra, relataram abusos de liderança na mesma filial.
Posteriormente, surgiram acusações de Nathan Gouvea, filho da pastora Denise Seixas, veio a público repercutir as críticas de liderança abusiva e reiterou as acusações, estendendo-as a Rina.
Em seguida, vazaram áudios de uma discussão entre Rina e Denise, em que o fundador da Bola de Neve recorria a palavrões e outros xingamentos contra a esposa.
‘Serviçais’
“Sempre se teve uma cultura do medo em casa. Éramos dois serviçais, eu e minha mãe”, disse Nathan ao Uol após a expedição da medida protetiva, acrescentando que o padrasto recorria a xingamentos e violência psicológica contra sua mãe.
“O Rina já vinha falando para o círculo mais íntimo da igreja, da família e para os meus irmãos que minha mãe não estava bem psicologicamente e que talvez teria de interná-la. Era muito claro para a gente que ele ia interná-la”, declarou Nathan.
Rina, por sua vez, negou que fizesse planos de internar a esposa, minimizando as declarações do enteado: “Nathan saiu de casa há dez anos. Não tem a mínima ideia do que vivemos. Tudo o que eu sempre quis foi vê-la com saúde física, mental e emocional. Isso incluiu todo o cuidado com acompanhamento profissional, porém, em nenhuma hipótese, uma internação em clínica psiquiátrica. Essa foi só uma difamação para colocá-la contra mim”.
Nos Stories do Instagram, Nathan afirmou que o tempo está trazendo fatos à tona que corroboram o que ele vinha alegando a respeito da igreja: “Ainda vai ter quem fale que tudo isso é uma mentira, que tudo isso nunca aconteceu, que eu venho inventando desde sempre. Mas me alegra que o número de pessoas que falam isso diminuiu bastante”.
Bola de Neve
Para Nathan, os líderes da igreja que formam o conselho que criou uma ouvidoria e se propôs a apurar os casos, não têm legitimidade.
Dirigindo-se aos membros, ele afirmou que “a única coisa que você não pode fazer é ficar sentado, falando ‘ah, isso vai passar, isso não é importante’, faça alguma coisa a respeito disso”.
“Para a galera que ainda está no Bola, esse conselho que vai liderar essa ‘reforma’, eles estavam até outro dia negando isso tudo, e quando eu denunciei essas coisas, nenhum deles veio me perguntar o que estava acontecendo”, criticou, questionando a real motivação da liderança da igreja.
Nathan acrescentou que o pastor Mohamad, da Bola de Neve no Tatuapé, bairro da zona leste de São Paulo, “foi o único que veio até mim, antes da história estourar, para tentar abafar o caso”.
“Digão não veio; Santos – que eu sempre gostei tanto – não veio; Alexandre, muito menos; Giba, nem se fala. Alexandre Tocantins, meu parceiro, não veio, não falou comigo. Nenhum de vocês falou. E agora? Vocês não têm nenhuma condição de encabeçar isso [a reforma do Bola de Neve]”, protestou.
Seita?
O enteado de Rina expressou uma opinião forte sobre o que deve acontecer: “Tudo o que vocês sabem, vocês aprenderam com o Rina. Vocês aprenderam errado, assim como eu. Vamos ter humildade de reconhecer isso. Vocês estavam tentando jogar essa história para debaixo do tapete, mas não deu. O que vocês tinham que fazer era renunciar, pedir um tempo, buscar a Deus. Eu sei que, lá no fundo do coração, vocês amam o Senhor”.
A igreja, em sua visão, preenche todas as características de seita: “Tem muita gente assustada, não sabia o que estava acontecendo porque tinha sido instruída a não ir atrás. Isso é um sinal de seita. […] Vamos confiar em Deus. Sei que ensinar a Bíblia não é um dos fortes do Bola de Neve”, disse ele, citando em seguida o capítulo 5 de Atos para explicar a crise na igreja: “Se não fosse Deus, as coisas não teriam escalado como escalara. Agora, se é Deus, vai escalar muito mais”.
“Em seita, você não fica, você sai. […] O Bola de Neve é uma Marea. Quem conhece de carro sabe o que estou falando. O que era uma Marea? No começo, baita carro, baita motor, até que o tempo foi passando e a galera foi vendo problemas crônicos, que sempre existiram no Marea. […] Para você que já teve um Marea, te pergunto: tem como salvar o Marea? Não tem. Marea só tem uma coisa para fazer: ferro velho. Você gostando ou não, o Bola de Neve é uma Marea”, finalizou Nathan Gouvea.