O sociólogo Eduardo Guilherme de Moura Paegle fez uma comparação com as redes de fast-food, para falar da forma com que as igrejas neopentecostais se organizam no Brasil. Afirmando que tais igrejas estão em um processo de padronização semelhante ao das redes de comida rápida, Paegle diz que as igrejas estão passando pelo que ele chama de “McDonaldização” da fé cristã.
Tomando como exemplo a Igreja Universal, Paegle afirma independente do local do mundo em que se encontra um templo da denominação, “esteja, em São Paulo, Lisboa ou alguma capital africana”, sempre será encontrado a mesma estrutura administrativa e os mesmo cultos, com poucas variações.
Paegle, que é doutorando pela Universidade Federal de Santa Catarina, compara um culto nesses moldes a pedir um lanche Big Mac, para afirmar que será a mesma coisa em qualquer lugar do mundo.
O sociólogo foi um dos entrevistados pela revista Carta Capital em sua reportagem sobre o crescimento de evangélicos apontado recentemente pelo IBGE. Ele disse ainda que nas igrejas pentecostais “vale-tudo” e disse que, assim como em redes de fast-food, os templos da Igreja Universal oferecem horários alternativos para atender a todos os fiéis.
– Se o fiel dispõe de pouco tempo, é possível dar ao menos uma passadinha no Drive-Thru da Oração – ressalta.
Outro estudioso ouvido pela revista, sobre o crescimento dos evangélicos, foi o sociólogo inglês Paul Freston, estudioso sobre o Brasil e professor da Universidade de Wilfrid Laurier, no Canadá. O professor ressalta que apesar do aumento do número de evangélicos, esse crescimento não trará profundas mudanças na sociedade brasileira.
– Quanto mais uma religião cresce, mais ela fica parecida com a sociedade na qual está inserida – explica o sociólogo, que tem a opinião reforçada pelo sociólogo Gedeon Alencar, autor do livro “Protestantismo Tupiniquim”.
Alencar afirma que já está havendo uma rápida transformação nas igrejas evangélicas brasileiras. De acordo com o jornalista Paulo Lopes, o estudioso compara o momento atual do protestantismo brasileiro com o que era visto há algumas décadas atrás, quando “os fiéis tinham de vestir roupa sóbria, não podiam usar cosméticos ou qualquer coisa que denotasse vaidade”, época em que o esporte também era proibido entre os evangélicos. Ele destaca também a televisão, hoje utilizada por várias igrejas e pastores, mas que em sua infância era vista com desconfiança pelos evangélicos.
– Os evangélicos estão cada vez mais parecidos com os brasileiros – destaca Gedeon Alencar.