Uma peça de teatro de rua, produzida por artistas independentes e que versam com o cotidiano foi amaldiçoada por um pastor evangelista, irritado com a audiência perdida.
“Teatro é coisa do diabo! Estão todos amarrados”, gritou o pastor que estabeleceu seu ponto de pregação em praça pública no calçadão do Mercado das Flores, ao lado do Café do Paço, em Curitiba (PR).
O motivo da irritação do pregador é a peça de teatro “Ensaio Para uma Poética do Movimento”, protagonizado pelas atrizes Ana Ferreira e Jossane Ferraz, que usam a paisagem e os transeuntes para formar seu cenário e roteiro, em uma produção semi improvisada e dinâmica.
Segundo o jornal Gazeta do Povo, a irritação do pastor foi causada “porque as atrizes, em seu périplo teatral, resolveram instalar outra caixa de som a poucos metros do pregador […] que lançou sua ira sobre as artistas”.
As peças de teatros, cada vez mais presentes no meio evangélico, são uma arte ainda impopular no Brasil, incompreendida por um público, em geral, acostumado às linhas gerais de interpretação e narrativa impostas pela televisão, com suas novelas, filmes e minisséries.
Para o pastor pregador, porém, a peça de teatro de rua é apenas uma apresentação que leva distúrbio e tira a atenção de quem passa e diminui a chance de que sua mensagem, pregada, seja ouvida.
“Tudo bem quando acaba bem. É o risco já calculado de levar a arte aonde o povo está. A peça, cujas apresentações ocorrem todas as sextas (17h) e sábados (15h), até o fim do mês, tem como proposta justamente ir à rua e interagir com o público”, informa o jornal, minimizando a maldição lançada pelo pastor contrariado.