Alan Noble é é professor de inglês na Universidade Batista de Oklahoma Baptist e autor do livro Disruptive Witness: Speaking Truth in a Distracted Age (Testemunha Disruptiva: Falando a verdade em uma era distraída). Em uma entrevista para o Christian Post ele falou como o uso abusivo da tecnologia está afetando nossa relação com Deus e a compreensão do evangelho cristão.
“Um fluxo poderoso de informações e interação é impulsionado pela tecnologia e esse é o problema. A falha em reavaliar como testemunhamos nossa fé no século XXI, e a falha em levar em conta essas mudanças sociais, teve e continuará a ter sérios efeitos sobre a vida da igreja”, disse ele.
Para Noble, o formato como os smartphones são feitos, com inúmeros aplicativos, além da maneira como acessamos às informações da internet, para prender a atenção do usuário, fazendo com que este absorva o máximo possível informações, porém, sem profundidade alguma.
“Cognitivamente, nossas mentes se acostumaram a conceber o conteúdo em aplicativos como efêmero”, disse ele. “É da natureza dos smartphone não prender nossa atenção por muito tempo. Nós nos movemos de um aplicativo para outro. Ao jogar um jogo, uma mensagem de texto aparece. Ao responder e-mail, uma notificação anuncia uma notícia de última hora”.
O autor explica que ao nos acostumarmos com esse padrão de informações, temos dificuldade de compreender o evangelho e consequentemente desenvolver um relacionamento profundo com Deus, já que o estudo da Bíblia exige foco e atenção.
“Se essas tendências continuarem, podemos esperar que a igreja enfraqueça dramaticamente, à medida que o cristianismo se torna uma identidade cada vez mais intolerável”, destaca.
“O Evangelho é ‘cognitivamente taxativo’, o que significa que você precisa do espaço mental, do foco e de tempo para internalizá-lo, a fim de sentir sua necessidade de Cristo”, alerta o professor.
Ruptura
Para o professor, devemos romper com esse padrão comportamental de absorver e nos interessar apenas por informações curtas, objetivas e superficiais. Ele explica que isso pode ser feito através de pequenos gestos, como um simples momento de oração e agradecimento a Deus por algo no dia-a-dia.
“A melhor estratégia para abordar a condição de nossa sociedade é oferecer um testemunho disruptivo em todos os níveis da vida. Um testemunho disruptivo cria as condições em que o nosso vizinho é convidado a contemplar a realidade de um Deus vivo, amoroso e auto-revelador”, explica o professor.
“Ela recua contra a tecnologia da distração que permite que as pessoas modernas ignorem a ansiedade, a culpa, o medo e as questões difíceis da vida, e passa a considerar as noções de cristianismo como um estilo de vida”, acrescenta.
Por fim, Noble acrescenta que romper com esse estilo superficial de vida significa criar vínculos mais profundos com outras pessoas, deixando a tendência atual de isolamento social, onde cada qual vive em seu “mundo virtual”.
“O secularismo tende a empurrar nossas crenças para a privacidade. Estamos confortáveis com pessoas sendo religiosas, desde que elas não sejam religiosas ao nosso redor. Porque se o fizerem, isso sugere que talvez a crença deles seja algo que devemos considerar também. Dizer graça em público cultiva sua gratidão a um Deus amoroso e desafia a noção de que a fé é individual”, conclui.