Os temas desconfortáveis, espinhosos, polêmicos e delicados são parte da jornada de um pastor, e em muitos casos, os sacerdotes cristãos evitam abordar tais questões por medo de desagradar o rebanho ou gerar mais dúvidas. Na visão do pastor e escritor Brett McCracken, isso é um erro.
Brett produziu um artigo para o ministério The Gospel Coalition incentivando os pastores a estudarem e discutirem os temas indesejados, como forma de se antecipar à abordagem que a sociedade fará, inevitavelmente.
“Poucos pastores aproveitam a chance de pregar um sermão sobre sexualidade. Eu certamente não fiz. Quando vi meu nome no cronograma de pregação de nossa igreja anexado ao tópico ‘Sabedoria na Sexualidade (Provérbios 5–6)’, minha primeira inclinação foi tentar sair dele. Não poderia um ancião mais experiente em nossa igreja neste tópico?”, introduziu, citando um caso pessoal como exemplo.
“Mas eu não tentei sair disso. Eu preguei o sermão. E eu estou feliz por ter feito”, acrescentou Brett, que é autor dos livros Hipster Christianity: When Church and Cool Collide (“Cristianismo hipster: quando a Igreja e o ‘descolado’ colidem”) e Uncomfortable: The Awkward and Essential Challenge of Christian Community (“Desconfortável: O Desajeitado e Essencial Desafio da Comunidade Cristã”), dentre outros. Este último inspirou o artigo sobre os temas indesejados na igreja.
“O salão estava gelado como a Antártida enquanto eu pregava por 40 minutos sobre o sábio desígnio de Deus para a sexualidade humana? Sim. Minha garganta estava seca como o Saara enquanto eu trabalhava em vários pontos sobre a complementaridade de gênero, imoralidade sexual e beber água “de sua própria cisterna” (Provérbios 5:15)? Definitivamente. Mas a resposta que recebi depois de pregar o sermão foi surpreendente. ‘Obrigado por ir até lá’. ‘Obrigado por não ter evitado um assunto tão difícil’. ‘Precisamos de mais sermões sobre isso’ [disseram os fiéis]”, relatou o pastor.
Em seu artigo, assim como no livro, Brett aconselha os colegas de ministério a se debruçarem sobre assuntos polêmicos, à luz da Bíblia, para evitar que opiniões sejam formadas a partir de influências do secularismo, progressismo, humanismo e outras filosofias inspiradas por pensamentos em desacordo com as Escrituras.
“Pastores, seu povo quer que você vá para lá. Eles estão com fome de um ensino claro, compassivo e bíblico sobre os tópicos difíceis que enfrentam nossa cultura e suas próprias famílias. Sexualidade. Gênero. Reconciliação racial. Inferno. A ira de Deus. O dízimo. Disciplina da igreja. Divórcio. Ganância e materialismo. Guerra e violência. Presentes carismáticos. Exclusividade de Cristo”, pontuou.
“A Bíblia tem coisas a dizer sobre todas essas coisas. E os pregadores também deveriam”, acrescentou.
Ao final, Brett McCracken relembrou a responsabilidade que repousa sobre aqueles que são separados para o ministério pastoral, lembrando que Deus não costuma ser macio em Sua verdade.
“É preciso coragem para pregar todo o conselho de Deus. Quando Paulo diz aos efésios: ‘Não me atrevi a declarar-vos todo o conselho de Deus’ (Atos 20:27), ele sugere que haveria razão para alguns encolherem. Todo o conselho de Deus é intimidador. Algumas partes são assustadoras – francamente ofensivas em vários contextos culturais. Muitas partes são assustadoras porque são diretas; outras partes são assustadoras porque são complexas, resistentes ao simples tratamento de ‘sermões de três pontos’. De qualquer maneira, todo o conselho de Deus – revelado a nós em sua Palavra – é um desafio para pregar. Mas devemos pregar. Caso contrário, nós, como pastores, temos o sangue de nossas congregações em nossas mãos (Atos 20:26)”, concluiu.